Meio Ambiente

Plantações de eucalipto na bacia do rio Santo Antônio

13 de Janeiro de 2015, por Instituto Rio Santo Antônio 0

É verdade que nossa região possui muitas plantações de eucalipto. Essa árvore é nativa da Austrália, um país de clima mais seco que o nosso. Ela foi introduzida inicialmente em São Paulo, no ano de 1909. Os melhoramentos genéticos na planta permitiram aumentar a produção e diminuir o ciclo de corte. Atualmente, Minas Gerais é um dos maiores plantadores de eucalipto do Brasil, com quase 2,5% de sua área ocupada com a silvicultura, especialmente no norte, nordeste e leste. A região das Vertentes também vem se destacando nessa questão.

As discussões sobre as plantações de eucalipto são polêmicas. Uns defendem os benefícios econômicos e a redução da pressão sobre a flora nativa. Outros questionam a viabilidade ambiental da monocultura, principalmente em relação ao grande consumo de água pelo eucalipto e a consequente redução da vazão das nascentes. Até mesmo nas Universidades não há consenso sobre o tema entre os especialistas (engenheiros florestais). No entanto, uma coisa parece certa, a redução da quantidade de água é visível próximo a extensas áreas de monocultura, em especial com eucalipto. As plantações em áreas de recarga do lençol (áreas planas e altas, geralmente as chapadas) e muito próximas aos cursos d’água e às nascentes parecem ser os principais problemas.

Para pensarmos sobre a questão, vamos agora apresentar alguns dados oficiais da expansão da silvicultura em Minas e especialmente nos municípios que drenam a bacia do rio Santo Antônio. Embora não sejam dados atuais, eles mostram a realidade de nossa região. O maior levantamento sobre a cobertura vegetal de Minas Gerais foi o Monitoramento da Flora Nativa, realizado entre 2005 e 2007 no âmbito do Inventário Florestal de Minas Gerais, fruto da uma parceria entre o governo de Minas e a Universidade Federal de Lavras (CARVALHO; SCOLFORO, 2008). Conforme dados apresentados no estudo sobre os reflorestamentos, esses representavam 2,32% da área de Minas Gerais, em duas fisionomias: eucalipto, 2,08%, e pinus, 0,24%. Na UPGRH GD2, o reflorestamento foi menor que a média estadual, envolvendo 1,06% da área com eucalipto. Nos quatro municípios a média foi de 0,71%, portanto, abaixo das médias regional e estadual. Dentre os municípios, destacava-se Ritápolis com 1,84%, porcentagem acima da média regional e próxima da estadual. Resende Costa possuía 0,39% dos 632 km² ocupados com eucalipto.

Entre os anos de 2003 e 2007, os reflorestamentos em Minas aumentaram em 19,59%. Isto é, em 2003 as plantações de eucalipto e pinus envolviam 1,94%, em 2005 representavam 2,16% e em 2007 2,32%. No mesmo período, na UPGRH GD2, os reflorestamentos foram aumentados em 171,79%, passando de 0,39% em 2003 para 0,70% em 2005 e para 1,06% em 2007. Já nos quatro municípios da bacia do rio Santo Antônio houve aumento de 914,28%, passando a média dos reflorestamentos de 0,07% em 2003 para 0,38% em 2005 e para 0,71% em 2007. Assim, o crescimento do reflorestamento de eucalipto na bacia do rio Santo Antônio foi superior à média regional e estadual entre 2003 e 2007. Na bacia do rio Santo Antônio, o destaque é para Ritápolis, onde houve aumento de 7.100%, passando os reflorestamentos de 0,01% em 2003 para 0,72% em 2005 e para 1,84% em 2007. Em Resende Costa houve aumento de 143,7%, passando de 0,16% em 2003 para 0,28% em 2005 e para 0,39% em 2007.

Na bacia do rio Santo Antônio as plantações comerciais de eucalipto são recentes, por exemplo, em Coronel Xavier e em Ritápolis, anteriormente a 2003, a silvicultura ocupava pequenas parcelas. Já em 2007, os fragmentos de eucalipto eram expressivos segundo dados do Inventário Florestal. Destaca-se ainda que em fotografias aéreas, datadas de 1985, os fragmentos de floresta plantada, quando existentes, são poucos e em pequenas extensões. Atualmente percebe-se que em todos os locais da bacia existem plantações de eucalipto em diferentes proporções: desde a utilização da espécie como cerca viva a fragmentos comerciais contíguos. Portanto, essa é a principal transformação econômico-produtiva na área de estudo.

 

Por fim, consideramos que mereceriam atenção, pelos órgãos de governo, estudos regionais sobre as potencialidades e locais de restrição à silvicultura; sobre áreas com pastagens degradadas que poderiam ser ocupadas com eucaliptos; e áreas em que o consórcio de eucalipto com pastagens (plantios agroflorestais) seriam ambiental e economicamente viável.  

Encontro Nacional dos Comitês de Bacias Hidrográficas

17 de Dezembro de 2014, por Instituto Rio Santo Antônio 0

O IRIS representou, entre os dias 23 e 28 de novembro, o Comitê de Bacia Hidrográfica - CBH Vertentes do Rio Grande - no XVI Encontro Nacional dos Comitês de Bacias Hidrográficas (ENCOOB) realizado em Maceió/AL. Também foi realizado durante o evento o XXXVI Fórum Mineiro dos Comitês de Bacia Hidrográfica. Foram realizados seminários, minicursos, conferências, mesas de diálogos e reuniões setoriais. Participaram mais de mil pessoas de todo o Brasil. No fechamento do encontro foram realizadas visitas técnicas. Participamos da visita técnica ao chamado canal do Sertão alagoano, um dos trechos de transposição do Rio São Francisco para o semiárido.

No evento, algumas atividades foram coordenadas pela Agência Nacional de Águas (ANA). Em um dos seminários uma fala de um palestrante com relação à falta de água em São Paulo nos chamou a atenção. Foi afirmado categoricamente que o problema é de gestão dos recursos hídricos. A possível falta de água para abastecimento já vem sendo alertada pela ANA há quase quinze anos. As captações são feitas em reservatórios de cabeceiras próximos às nascentes e a demanda vem aumentando a cada ano. Uma informação interessante é a de que a disponibilidade hídrica por pessoa na Grande São Paulo é menor que a do Nordeste. Já no Ceará foram perenizados, por meio de barramentos com regularização de vazão - que armazenam água no período das chuvas para ser disponibilizada no período seco - todos os principais rios que secam no período da estiagem. Outra informação foi de

que o Plano Nacional da Bacia do Rio Grande está em elaboração, ao passo que o do São Francisco já foi elaborado.

Voltando à questão da estiagem na região Sudeste, em conversas com o pessoal, algumas falas merecem ser destacadas. O membro de um CBH do Rio de Janeiro disse: “Nós da região Sudeste não estamos acostumados com a falta de água”. Outro membro do Paracatu replicou: “Não temos falta de água, temos é falta de gestão”. Concordamos com o segundo, o problema do Brasil é de gestão, infelizmente, não só nos recursos hídricos.

No Fórum Mineiro participaram praticamente membros de todos os CBHs de Minas. Estava presente também um deputado estadual, o Sr. Pompilio, e a diretora do Instituto Mineiro de Gestão das Águas – IGAM, a Sra. Marilha Melo. Segundo ela, foram gastos 2 milhões e trezentos mil reais em 2013 com os Comitês de Minas Gerais. Falou-se também que os rios de Minas registraram pela primeira vez níveis abaixo da vazão mínima de referência e que não estamos preparados para conviver com tal situação.

Nas conversas com os participantes, nos chamou atenção a “desilusão” de alguns membros dos Comitês. Falaram, dentre outras coisas, da falta de participação social, da precariedade dos recursos financeiros e de pessoal qualificado, do pouco poder de atuação. Por outro lado, presenciamos membros mais entusiasmados, como os do Rio de Janeiro e os do Ceará. Com o final do evento, algumas questões ficaram para reflexão: o poder público (seja federal ou estadual) realmente quer a autonomia dos CBHs? A gestão dos recursos hídricos será efetivamente repassada para os CBHs, especialmente a faculdade de conceder outorga e da cobrança pelo uso da água?

A visita ao canal do Sertão foi ímpar. Ele levará água do rio São Francisco a 42 municípios alagoanos, se estendendo por 250 km. Desses, 65 km estão em operação e 123 em construção. O canal é uma magnífica obra de engenharia, ele abaixa apenas 12 cm a cada 1 km percorrido. Água doce é mais vida para o Sertão. Numa área onde a chuva se concentra em três meses, o lençol é salobro e as águas dos grandes reservatórios se salinizaram com o tempo.

A caatinga é uma vegetação muito específica, que permanece a maior parte do ano seca, sem folhas. No entanto, com um pouco de chuva, em uma semana, ela está completamente verde. Devemos tomar cuidado. Não há aquela miséria que a mídia mostra. O sertanejo está muito bem adaptado, assim como todos os animais: vacas, burros, cabras etc. A dificuldade é quando não chove durante o período esperado. Vale destacar que além do Sertão, que é o interior, tem-se a Zona da Mata (faixa litorânea) e o Agreste (transição entre os dois), áreas bem mais úmidas. A primeira era recoberta pela Mata Atlântica e hoje é ocupada com monocultura de cana de açúcar. Já no Agreste domina a criação de gado.

Por fim, gostaríamos de destacar a diversidade do Brasil. Assim, não se restrinja a conhecer apenas as praias do Nordeste, vá para o interior, aventure-se no Sertão, você não vai se arrepender.

Sem chuva, sem água, sem vida, sem nada

13 de Novembro de 2014, por Instituto Rio Santo Antônio 0

Certamente alguém já falou com você que a água doce do mundo é um recurso finito e que um dia iria acabar. Certamente, você já ouviu falar também que a temperatura do mundo tem mudado ano após ano e que já não dá mais para prever os períodos chuvosos, secos, quentes ou frios. Alguns falam que o mundo está mudando e outros falam que nós estamos mudando o mundo...

O que você provavelmente nunca imaginou é que você estaria vivo, presenciando esses fenômenos acontecerem lentamente ao seu redor.

E você? Está pronto para adaptar a sua vida à escassez de água? Conseguirá disciplinar suas atividades a fim de economizar este recurso para que seus filhos, netos e as próximas gerações possam viver harmoniosamente com a natureza? Quanto vale a água para você?



A seca não passou! Continue economizando!

Em 2014, a forte estiagem atingiu também Resende Costa, onde o nível dos mananciais de abastecimento fora reduzido consideravelmente. A Copasa e o IRIS pedem à população que leve esta informação a sério e que continue economizando para ajudar a prevenir possíveis problemas no abastecimento. Se a população não se conscientizar agora e continuar consumindo água potável de forma irracional, iremos enfrentar problemas ainda mais graves.

 

Mesmo que volte a chover nos próximos dias, a falta de água é questão de tempo. Temos que assumir a responsabilidade de respeitar a água e usá-la de forma sustentável.

 

Últimas chuvas não foram suficientes! Mesmo assim, população voltou a consumir mais

No período mais crítico da estiagem vivenciada em 2014, a água chegava ao reservatório de Resende Costa a uma vazão de 16 L/s, segundo a Copasa. Depois das chuvas das últimas semanas, a vazão foi temporariamente normalizada, atingindo 23 L/s. Segundo o encarregado de Sistema, Marcelo Lopes, no auge da seca a população baixou consideravelmente o consumo, mas já retomou os índices normais de utilização da água: “Antes, no período da estiagem mais forte, mesmo com uma vazão menor, nós conseguíamos encher a caixa com mais facilidade que atualmente, o que mostra que a população deixou o consumo elevar novamente assim que vieram essas primeiras chuvas”, explicou.



 

A importância de economizar sempre

 

Resende Costa não tem grande disponibilidade de água. Nosso solo é rochoso e absorve pouca água. Além disso, não possuímos um grande rio próximo da zona urbana. É fundamental usar a água com responsabilidade.     

Use a água de forma sustentável - o futuro depende de cada um de nós

 

Veja algumas dicas:

- A água usada na lavagem de roupas pode ser reutilizada na lavação de quintais e calçadas.

- NUNCA jogue óleo na pia. Um litro de óleo pode contaminar uma grande quantidade de água no nosso subsolo.

- Tome banhos curtos, suficientes para a higienização.

- Vai lavar o seu carro? Use o balde no lugar da mangueira.

 

- Só lave calçadas em caso de extrema necessidade.

Patrimônio Cultural: A importância do Tombamento do Núcleo Histórico de Resende Costa

17 de Outubro de 2014, por Instituto Rio Santo Antônio 0

“Quem abandona suas origens, entra sem norte no porvir. Caminhante sem farol na noite escura, assim é o povo quando levado apenas pelo interesse imediato. De fato, não mais poderá ser chamado autenticamente de povo. Formará um imenso agregado humano, deambulando sem rumo. Despencará para a condição de massa. Seus integrantes serão apenas átomos perdidos e isolados no turbilhão estonteante da civilização contemporânea.”(Péricles Capanema Ferreira e Melo)

Patrimônio Cultural é tudo aquilo que conta a história de um povo, aquilo que mantém sua identidade e que o diferencia de outros grupos humanos. O patrimônio cultural ajuda a preservar a memória de uma comunidade e permite que os indivíduos sustentem vínculos de pertencimento com um lugar, com uma tradição, com uma sociedade.

 No que se refere aos indivíduos que compõem uma comunidade, a preservação do patrimônio cultural lhes oferece um lugar na história, um senso de participação. Preservar a memória de um povo é investir na cidadania, no sentimento de coletividade, no reconhecimento de cada sujeito como cidadão e agente de uma história maior.  Do ponto de vista da comunidade, perder sua identidade cultural e patrimonial resulta na sua indistinção. Um povo sem identidade e memória elimina sua capacidade de diferenciar-se em meio à massa globalizada que caracteriza grande parte da humanidade em nossos dias.

A perda da identidade de um povo, a extinção de sua memória histórica e a destruição de seu patrimônio cultural são fatos que podem trazer consequências bem palpáveis. Dentre elas, destacamos uma: a inviabilidade de se sustentar o moderno e rentável empreendimento chamado turismo. Quem visitará uma cidade sem características próprias? Quem se interessará em conhecer um local que não consegue sequer contar a sua própria história? Como atrair turistas para um lugar que perdeu seus traços distintivos, que apagou seus aspectos mais autênticos e diferenciadores? 

Em Resende costa, está em andamento o importante processo de tombamento do Núcleo Histórico de nossa cidade, coordenado pelo Conselho Municipal de Patrimônio. Esse tombamento é uma forma de garantir, por meios legais, a preservação das características paisagísticas e arquitetônicas que distinguem nossa comunidade, mais precisamente o Centro Histórico, local onde teve início o povoamento do antigo Arraial da Laje, marco fundador do nosso município.

A imagem de Resende Costa que você contempla quando está chegando à nossa cidade pelo asfalto, na altura do KM 2, se constitui como um exemplo de nosso patrimônio cultural e paisagístico. A curva típica do nosso relevo e a imagem da Igreja Matriz fincada no ponto mais alto de Resende Costa compõem um forte traço de identidade da nossa Terra. Prova disso é que, há muitos anos, já circulam adesivos e outras mídias visuais que divulgam essa nossa característica: uma montanha e uma igrejinha! Você, com certeza, já viu essa nossa marca estampada em algum lugar. Sua ampla disseminação já demonstrou que o resende-costense se reconhece espontaneamente nessa imagem! Essa silhueta da cidade é apenas um dos traços que o tombamento do Núcleo Histórico de Resende Costa pretende preservar.  

Não podemos entender nossa cidade como um simples ajuntamento de casas e prédios. Se Resende Costa hoje atrai um fluxo considerável de turistas, é porque a cidade possui uma cultura própria, capaz de despertar o interesse dos visitantes. Dentre nossos atrativos, podemos citar os saberes do artesanato, nossa cultura religiosa (Semana Santa, Festa do Rosário, dentre outras), nosso passado de participação na Inconfidência Mineira, nossa cultura de letras (temos muitos escritores, historiadores, poetas) e é claro: a mineiridade de nosso conjunto paisagístico - aconchegante e típico do interior. Se transformarmos radicalmente o nosso Centro Histórico, com a construção desordenada e verticalizada de prédios modernos, iremos extirpar o que resta de patrimônio arquitetônico e paisagístico em Resende Costa e, junto a isso, poderemos estar matando a galinha dos ovos de ouro e enterrando, para sempre, nosso potencial para um turismo sustentável.  

Não é apenas o tamanho de nossa cidade e de nossa população que nos distingue das capitais e dos grandes centros. Se somos diferentes das metrópoles, esse fato deve-se à nossa cultura de interior, à baixa densidade de nossa ocupação urbana, à verticalização moderada de nossas construções, à figura imponente da Matriz, fincada no ponto mais alto da urbe e ao espaço arejado de nossas praças centrais e da nossa famosa e querida laje de cima, parte preciosa do Núcleo Histórico. Esse conjunto de características faz toda a diferença na preservação de nossa atmosfera interiorana, fundamental para a sobrevivência e expansão do nosso turismo no longo prazo.

 

O tombamento do núcleo histórico de Resende Costa está sendo debatido de forma democrática. Esse debate acolhe todos os cidadãos interessados, além do Conselho Municipal de Patrimônio e dos diversos entes e agentes públicos. Associações que possuem representatividade no setor cultural, como a Amirco e o IRIS, apoiam a iniciativa. Venha participar das nossas reuniões e ajudar na defesa de nossa identidade cultural e urbana. 

IRIS e Prefeitura preparam ação para a limpeza de nascentes urbanas

17 de Setembro de 2014, por Instituto Rio Santo Antônio 0

Você provavelmente já ouviu falar pelo menos de alguma das nascentes localizadas em nossa cidade. Se o amigo leitor tem mais de 30 anos e passou toda a infância e adolescência em Resende Costa, é provável que já tenha frequentado uma ou várias das nossas fontes urbanas. Em algumas delas, era possível banhar-se há cerca de duas décadas atrás. Havia água em quantidade e qualidade para isso. Por muito tempo, as minas forneceram água para o consumo humano, para o lazer, para a lavação de roupas. Hoje, a realidade é outra: A quantidade de água diminuiu severamente em todos os olhos d’água que brotam dentro de Resende Costa. A população perdeu o vínculo afetivo com nossas nascentes, que na maioria dos casos se tornaram verdadeiros depósitos de esgoto e lixo doméstico. O crescimento urbano desordenado e a falta de um plano de preservação das minas estão condenando nossas fontes históricas à contaminação e à extinção.

No último mês de Agosto, o IRIS visitou as principais nascentes urbanas de Resende Costa e se deparou com um cenário desolador: plásticos, pneus, esgoto, lixo eletrônico, mau cheiro, água visivelmente contaminada. Infelizmente, o pouco das matas que margeiam nossas nascentes tem servido como depósito para resíduos domésticos. A população precisa se conscientizar do malefício advindo da deposição de lixo nas matas e cursos d’água. Até porque a situação atual de nossas minas revela também o risco de proliferação de doenças, como a dengue.  

Diante desse quadro, o IRIS e a Prefeitura Municipal, por meio das Secretarias Municipais de Saúde e Meio Ambiente, estão planejando para os próximos meses, uma ação conjunta para a limpeza e, possivelmente, o cercamento das nossas principais nascentes urbanas. São elas: 1) Fonte da Mina: localizada no bairro do Canela e pertencente à microbacia do Ribeirão Mosquito. Possuía grande vazão há 25 anos. Hoje padece principalmente da falta de mata ciliar, que deu lugar à pastagem. A vazão diminuiu muito e a água tornou-se imprópria para o consumo; 2) Fonte dos Cavalos: localizada no bairro São José e pertencente à microbacia do Ribeirão Mosquito. Possuía grande vazão há 25 anos. Hoje, o gado pisoteia a área de recarga da nascente, a vazão e a qualidade da água diminuíram consideravelmente; 3) Nascente da Biquinha: nasce no Centro e pertence à microbacia do Córrego do Tejuco. Ali, é difícil distinguir “curso de água” de “esgoto”. A água está visivelmente poluída e há também grande deposição de lixo.  4) Fonte da Ilha e Mina do Salomão:  nascem no bairro Jardim e pertencem à micro bacia do Córrego do Tejuco. De todos os locais visitados, é o que possui maior vazão de água, mas constatada com muito lixo e esgoto doméstico. É um local de risco à saúde pública. 5) Fonte João de Deus e Fonte Joaquim Noé: localizadas no Centro, dentro da Capoeira Nossa Senhora da Penha. Área de preservação ambiental, essas fontes de água estão relativamente preservadas. Pertencem à microbacia do Ribeirão do Pinhão. Existe mata ciliar considerável e pouca intervenção humana no local. Há pouca incidência de resíduos sólidos, provavelmente, advindos de enxurradas em períodos de chuva. A presença do lixo vai aumentando na medida em que nos aproximamos das áreas de ocupação humana. Seriam necessárias ações para conter o acúmulo de lixo nestes locais. 6) Nascente do Córrego Mosquito: localizada no fundo do Bairro Varginha, a fonte faz parte da microbacia do Ribeirão do Mosquito. Embora haja pouca vazão de água, a área está preservada. Possui mata ciliar, cercamento e não há lixo. Existem alguns acessos que permitem a entrada de animais.

A ação planejada pelo IRIS e pela Prefeitura Municipal visa, inicialmente, à limpeza das nascentes, retirando os resíduos sólidos ali depositados. Além disso, o projeto pretende realizar o cercamento dos olhos d’água, para evitar o pisoteio por animais. Paralelamente, será desenvolvida uma ação de conscientização, com panfletagem nos arredores das minas, solicitando aos moradores do entorno que ajudem na preservação das águas. Uma das intenções é instalar placas educativas, que identifiquem o nome do local e alertem para a necessidade de preservá-lo. Infelizmente, em alguns locais, o esgoto compromete em muito a situação das águas, o que só poderá ser minimizado a partir da implantação da rede de esgoto em nossa cidade e pelo uso de fossas impermeáveis, em substituição às fossas secas e ao despejo dos dejetos diretamente nos córregos.