Justiça seja feita
15 de Agosto de 2018, por Regina Coelho 0

Fotografias dos juizes que trabalharam na Comarca de Resende Costa desde a sua criação (Painel de fotografias do Fórum de Resende Costa)
Resende Costa, já por muito tempo, vinha reivindicando sua relativa independência judicial. O que parecia finalmente se confirmar através do Decreto-Lei Estadual nº 148, sancionado pelo governador Benedito Valadares, em 17 de dezembro de 1938, frustrou-se. Ao ser publicada a lei que fixava a nova divisão administrativa e judiciária do Estado, nosso município, ainda sob a jurisdição da Comarca de Prados, simplesmente não figurava na relação dos termos judiciários criados para tal fim.
Inconformados com esse fato, não se deram por vencidos os resende-costenses na defesa de uma reivindicação de tal importância. Com esse propósito, foi instituída uma comissão representativa formada pelos senhores Dr. Costa Pinto, prefeito municipal; Padre Heitor de Assis, vigário; e Alcides Lara, secretário municipal, para cumprimento de missão especial em Belo Horizonte: o Termo Judiciário para Resende Costa. Na capital, contaram eles com a valiosa adesão dos ilustres conterrâneos professor Antônio de Lara Resende, Dr. Gastão Maia e Godofredo Macedo, os três lá residentes. E, numa eficiente conjugação de esforços, insistiram todos perante a Comissão Administrativa e Judiciária e junto aos políticos de real influência para que fosse satisfeita a justa aspiração de seus representados. Os esforços empreendidos não se fizeram em vão, pois nossa causa encontrou o apoio decidido do governador, que lhe deu o almejado deferimento na retificação da lei publicada em 28 de dezembro de 1938 no Minas Gerais, órgão da imprensa oficial do Estado.
No dia 1º de janeiro de 1939, com toda pompa e circunstância, instalou-se aqui o Termo Judiciário, tendo como eventual Juiz Substituto o resende-costense Saturnino Chaves de Mendonça, Juiz de Paz em exercício. Em 6 de março do mesmo ano, foi nomeado para o cargo o bacharel Antônio Maria Moreira Guimarães, ex-juiz do extinto Termo de Tiradentes, que não chegou a tomar posse por se aposentar logo. Ainda em 1939 (após exatos dois meses), assumiu o posto de juiz do Termo Judiciário, vindo de Coração de Jesus (norte de MG), onde exercia a mesma função, Dr. Pedro Muzzi do Espírito Santo, que aqui permaneceu até os meados de 1945. Veio a sucedê-lo, transferido de Capelinha (também norte mineiro), José Miguel Alves da Costa, que no Termo pouco se demorou. Seguiu-se a ele o Dr. Plácido Correia de Araújo, que foi empossado em 10 de janeiro de 1947.
A primeira audiência do Termo de Resende Costa ocorreu em 28 de junho de 1939, oportunidade em que o juiz (Dr. Pedro Muzzi) aproveitou ainda o ensejo para “apresentar os seus melhores cumprimentos aos dois ilustres advogados Doutor Matheus Salomé de Oliveira e Doutor Tancredo de Almeida Neves, que inauguraram os trabalhos desta primeira audiência para este Termo”, conforme se constata em Ata da qual foi extraído o trecho aqui destacado.
A plena emancipação judiciária de Resende Costa deriva do artigo 25 do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias da Constituição do Estado de Minas Gerais, segundo o qual se converteriam em comarcas de entrância inicial todos os Termos anexos. Considera-se o ano de 1948 como o de criação de nossa Comarca. A leitura da Ata de sua instalação revela algumas curiosidades. Chama primeiramente a atenção a data de realização da “Sessão Solene” ocorrida no “Salão Nobre do Edifício do Fórum local”: oito de outubro, em desacordo com a data convencional de sua inauguração, ou seja, quinze de agosto. Questão de trâmites legais, provavelmente. Noventa e nove cidadãos foram os signatários desse documento histórico. Entre eles, autoridades da época e figuras de destaque na sociedade, como o cidadão João Gonçalves Pinto, Juiz de Paz em exercício de Juiz Municipal; o Revmo. Padre Nélson Rodrigues Ferreira (vigário da Paróquia N. S. da Penha); e o Dr. José de Alencar Teixeira, médico em Resende Costa. Também como orador, José Procópio da Silva “em frases entusiásticas fez bela oração alusiva ao auto”. Do mesmo modo, Miled Hannas enalteceu o ato e a “novel Comarca”. Vinte e oito nomes femininos, quase um terço do total, compuseram a lista dos presentes naquela ocasião. Ana Resende Lara, por afetiva e, portanto, óbvia razão particular, é nome que se destaca entre os outros. Trata-se de minha queridíssima tia Ana, à época, uma jovem com seus incompletos 20 anos, hoje, uma forte senhora com seus quase 90 anos e residente há muitos anos em Barbacena.
Percorrendo a linha do tempo, a Comarca de Resende Costa alcança hoje a significativa marca de seus 70 anos de vida. Desde então, como empossados, estiveram à frente dessa circunscrição judiciária os seguintes representantes do Poder Judiciário:
- Dr. Doorgal Gustavo Borges Andrade – Agosto/1993
- Dr. Sérgio Bittencourt Siqueira – Outubro/1985
- Dr. Aloízio Silva – Novembro/1966
- Dr. Nicanor Neto Armando – Maio/1949
- Dr. Plácido Correia Araújo – Janeiro/1947 (que já atuava aqui como juiz do Termo, como se disse acima)
- Dr. José Guido de Andrade – Dezembro/1961
- Dra. Ana Maria de Oliveira Fróes – Julho/1977
- Dr. José Afrânio Vilela – Maio/1990
- Dr. Donizetti Nogueira Ramos – Abril/1998 (atual juiz)
NOTAS:
- Serviram de base ainda para o presente artigo os textos da Ata de instalação da Comarca de Resende Costa e do Termo de audiência de 28/6/1939.
- Grande parte das informações aqui apresentadas foram extraídas do Memórias do Antigo Arraial de Nossa Senhora da Penha de França da Lage, atual cidade de Resende Costa, desde os proêmios de sua existência, até os dias presentes – obra de José Maria da Conceição Chaves (Juca Chaves).
- Foi consultado também o Livro de Tombo da Paróquia de Nossa Senhora da Penha, ano 1948. Consta, em registro do Padre Nélson, novembro como mês de instalação de nossa comarca. Não obstante a confiabilidade desse raro e notável material de pesquisa (e de seu autor) sobre o passado de Resende Costa, por convenção, a época escolhida pelo JL para lembrar esse fato é agosto. De qualquer forma, o principal é que permaneça viva nossa história.
Duplas e sua curiosa nomenclatura
18 de Julho de 2018, por Regina Coelho 0
Em ensaio musical com os Irmãos Pérez, Capitão Furtado (Ariosvaldo Pires), apresentador de rádio paulista e divulgador da música sertaneja, determinou que uma dupla tão original, com vozes tão boas, não poderia ter nome espanhol, “batizando” João e José de Tonico & Tinoco, respectivamente. Era o início (1945) de uma carreira vitoriosa, alçando os dois artistas à condição de dupla mais importante do país, recordista de venda de discos, também cognominada de “a dupla coração do Brasil”.
A utilização de nomes artísticos ainda hoje é prática comum em várias áreas do entretenimento. Só isso, no entanto, obviamente não garante o sucesso de ninguém. Adotar esse recurso deve ter mesmo importância como marca a ser profissionalmente explorada. No caso específico das duplas sertanejas, o nome escolhido passa pela aplicação de alguns critérios. Um ponto a ser observado é a questão da sonoridade. Nesse sentido, há certas preferências como, por exemplo, os dois nomes começados com a mesma letra, parecidos ou que combinem entre si. É o que se vê, ou melhor, se ouve em Tonico & Tinoco. Atualmente, estão em alta os nomes de fácil apelo popular com muita mistura de João, Felipe, Henrique, Mateus... formando combinações incontáveis para incontáveis pares de cantores que surgem por aí. Não muito distante, houve uma época de nomes engraçados e, vá lá, até criativos para duplas que se lançaram no mercado nacional. Aqui vai uma amostra desses arranjos linguísticos. Abel & Caim, Azul & Azulejo, Atleta & Treinador, Bátima & Robson, Belo & Horizonte, Cacique & Pajé, Canário & Passarinho, Cativante & Continente, Chanceler & Diplomata, Choroso & Xonado, Conde & Drácula, Cruzeiro, Tostão & Centavo (ops! um trio), Domyngo & Feryado, Faceiro & Fascinante, Feitiço & Feiticeiro, Franco & Montoro, Galã & Granfino (sic), Gavião Moreno & El Condor, Industrial & Fazendeiro, Juscelino & JK, Leal & Legal, Leyde & Laura (provável inspiração em Lady Laura, mãe de Roberto Carlos), Lírio & Lário, Marechal & Rondon, Marlboro & Hollywood, Monetário & Financeiro, Nem Ly & Nem Lerey, Oceano & Porto Rico, Patrão & Funcionário, Praião & Prainha, Preferido & Predileto, Priminho & Maninho, Poliglota & Porta-Voz, Rocky & Santeiro, Simpatia & Gente Fina, Sorriso & Sincero, Tubarão & Seresteiro, Zezinho & Zorinho, Zilo &Zalo, Zum & Zito.
Abrangendo uma diversidade vocabular impressionante, havia gosto (ou falta dele) para todo tipo de nominação desses grupos. Daí, a dupla do cigarro (Marlboro & Hollywood), hoje certamente improvável com essa denominação; a indígena (Cacique & Pajé); a 2 em 1, ou seja, um nome para duas pessoas (Juscelino & JK, Franco & Montoro, Marechal & Rondon, três pessoas que se destacaram na história do país); a dos sinônimos (Monetário & Financeiro, Preferido & Predileto) e por aí vai. Seguindo essa linha de interpretação, Rio Negro & Solimões formam já há algum tempo a dupla fluvial amazônica pela lembrança dos dois rios que correm lado a lado sem se misturarem até se tornarem um só – o Amazonas.
Pertence ao anedotário popular uma situação divertida envolvendo a cantora Sandy (também vinda de uma dupla com o irmão, Júnior, já desfeita), muitas vezes mencionada como filha de Chitãozinho & Xororó (o último, o pai dela) pela junção quase inseparável desses termos. Inseparável também é a denominação “Anavitória” para o duo musical pop romântico formado pelas garotas Ana e Vitória, um sucesso recente pelo país. No feminejo (mulheres no sertanejo), Maiara & Maraísa, Simone & Simaria são figuras onipresentes no momento com seus reais e característicos nomes de duplas de irmãs.
Longe da fama e da música, guardados na memória afetiva de Resende Costa, Caraco (lembrado pelo uso invertido das botinas, virando expressão local: “calçar caraco”) & Carrinho (Carlinhos), criaturas lendárias do passado, formaram uma boa dupla de companheiros no existir inocente de suas vidas pelas ruas da cidade.
Um bom cidadão
12 de Junho de 2018, por Regina Coelho 0
“Se vem uma pessoa precisando de ajuda, a gente dá uma força”, afirma o Zezinho Brechó ao ser indagado por mim sobre o trabalho que faz junto aos moradores do Tejuco. Como prova disso, acrescenta ter sido procurado por alguém (exatamente no dia da nossa entrevista) pedindo-lhe que o ajudasse a conseguir pagar um certo exame médico. E aí, recolhendo de um, de outro ou de um confrade da Conferência de São Vicente o dinheiro necessário para tal, vai o Zezinho levando sua vida.
Nascido há 63 anos na região conhecida como Samambaia, na divisa com Lagoa Dourada, José Rosário Belchior Maia, divorciado, 2 filhos e 5 netos, é chamado em família de “Rezinho”. O “Brechó”, incorporado ao apelido Zezinho, veio de “Belchior”. As primeiras letras ele aprendeu com D. Sebastiana, professora leiga da escola rural que funcionava na Fazenda Samambaia. Em 1965, quando a família se mudou para Resende Costa, foi matriculado na Escola Conjurados, onde completou o então curso primário.
Ao falar sobre sua vida profissional, Zezinho lembra seus 21 últimos anos de trabalho na propriedade do Toninho do Açude. “Fazia de tudo lá, menos tirar leite. Não achava muita graça nisso não”, comenta. Mas, bem antes desse tempo, andou buscando serviço por aí, ainda menor de idade, o que era comum naquela época, sem as exigências da legislação trabalhista atual. Assim, voltou à Samambaia, e foi trabalhar por uns 4 anos na fábrica de doce de leite Marfim (que não existe mais), do Antônio Procópio. Depois foi candeeiro na Vinte Alqueires, mata virgem do mesmo proprietário. E encarou mais serviços em outras roças do município. Fora daqui, Zezinho arranjou emprego nas obras de construção da Ferrovia do Aço (no Rio das Mortes). E esteve na Açominas, agora Gerdau Açominas (em Ouro Branco). Nas duas situações, atuando como marteleteiro.
Zezinho está aposentado, no entanto, não para. Já foi Ministro da Eucaristia. Atualmente, é Irmão do Santíssimo e tesoureiro duas vezes: da AMAT (Associação de Moradores e Amigos do Bairro Tejuco). E da Associação N.S. da Conceição, que abrange a capela de mesmo nome e de cuja construção esteve à frente juntamente com a “Mirinha”, a Mírian do Betinho.
Quis saber dele o que lhe falta fazer, ao que ele me respondeu que tem intenção de ampliar a Capela de N.S. da Conceição (antes uma sala usada para aulas de catecismo). E fazer uma guarita perto dela que sirva principalmente para a criançada aguardar com segurança o ônibus escolar e lá desembarcar. Isso tudo com a participação do pessoal de lá e a aprovação de quem de direito. Mas o Zezinho tem uma frustração: pedindo em favor dos que ele representa, não conseguiu a volta do ônibus circular em Resende Costa, pensando, naturalmente, nas necessidades dos ‘tejucanos’.
Em sua casa, que mais parece uma chácara, morando com suas duas irmãs, ele é pura simpatia. A família é o bem que mais preza. Só tem uma coisa: ficar parado enrolando novelo de retalho, como tentou fazer logo que se aposentou, não é com ele. Zezinho Brechó gosta mesmo é de se mexer. E nessa sua movimentação pela cidade diz ter aprendido a lidar com as pessoas, não tendo receio de pedir em nome dos outros coisas que julga importantes para eles. Comunicação é com ele mesmo. “O que faço passa a ser uma diversão, a gente já não tem nada mais pra fazer”, explica, com uma simplicidade desconcertante.
Provocado por mim a falar sobre o que Resende Costa significa em sua vida, Zezinho é objetivo: “é a minha terra natal. Nunca saí daqui. Não consigo. Nunca passei mais de dois meses fora”, declara ele dessa forma seu amor pela cidade. Não por acaso, no mês de aniversário de R.C., ocasião em que homenagens são devidas a prestadores de bons serviços à nossa comunidade, destaca-se aqui a figura popular desse resende-costense dos bons, que confessa ter vontade de que as pessoas se reúnam mais e busquem soluções para seus problemas comuns. Na prática mesmo, cidadania é com o Zezinho Brechó.
Templos da memória
15 de Maio de 2018, por Regina Coelho 0
A história das bibliotecas antecede a própria história do livro e encontra abrigo no momento em que a humanidade começa a dominar a escrita. As primeiras bibliotecas de que se tem notícia são chamadas “minerais”, com seus acervos constituídos de tabletes de argila; depois vieram as bibliotecas “vegetais e animais”, constituídas de papiros e pergaminhos. Mais tarde, com a invenção do papel, fabricado pelos árabes, surgiram as bibliotecas com esse material e, posteriormente, as de livro, propriamente dito.
De todas elas nenhuma foi tão famosa como a de Alexandria, no Egito. Ela teria de 40 a 60 mil manuscritos em rolos de papiro, chegando a possuir 700 mil volumes. Tal fama se deve, além da sua grande quantidade de documentos, aos três grandes incêndios de que foi vítima. Criada em 1800, a maior biblioteca do mundo é a do Congresso dos EUA, em Washington, com mais de 160 milhões de itens entre livros, manuscritos, jornais, revistas, mapas, vídeos e gravações de áudio e todo aparato disponível hoje nessa área. No Brasil, a Biblioteca Nacional é nossa referência maior, tendo sido trazida para o país por Dom João VI em 1808.
BIBLIOTECA – termo composto de biblion (livro) e theca (depositado). Na definição tradicional do termo, é o lugar em que são guardados livros. Na sua acepção mais ampla, é o espaço que acolhe e promove a instrução, a cultura, a pesquisa e a produção científica.
Biblioteca Pública Municipal Antônio Gonçalves Pinto, eis nossa realidade, sem quaisquer comparações com as instituições congêneres citadas, nem por isso motivo de menor orgulho para nós, cidadãos resende-costenses cientes de sua importância para o município. Lembremos a figura daquele que lhe empresta o nome.
“Ainda moço, partiu Antônio Pinto de sua terra natal, que não mais reviu (...). Inteligente, sem curso humanístico, pois que apenas no velho arraial tivera escola das primeiras letras proporcionadas aos conhecimentos da época, conseguiu, por si só, aperfeiçoar-se no uso do vernáculo e ainda aprender as línguas francesa e alemã, tendo ocasião de visitar o Velho Mundo, passando pela França e Alemanha. (...) Guardando indelével recordação de sua terra, dá-lhe Antônio Pinto uma prova de grande afeição que lhe votava, ofertando à Câmara Municipal de Resende Costa toda a sua biblioteca de numerosos volumes, alguns dos quais de diferentes idiomas e de preciosas e raríssimas edições, acondicionadas em duas grandes vitrinas que ele despachou por via marítima.” Isso é o que conta Juca Chaves no seu Memórias do antigo arraial... sobre nosso ilustre conterrâneo.
Uma trajetória de 100 anos como essa é feita de muitas conquistas. De muitos percalços também, considerando principalmente que vivemos num país onde a Educação, que é o maior patrimônio do ser humano, não é levada tão a sério. Prova desse descaso, por exemplo, foi a inexistência de uma sede própria que abrigasse adequadamente nosso acervo. Em razão disso, ele esteve alojado improvisadamente nos seguintes espaços: uma sala da Câmara Municipal, a parte inferior do imóvel onde hoje funciona a Contemp Contabilidade, uma sala da sede atual da Prefeitura Municipal e uma construção anexa ao Teatro Municipal. Até que em setembro de 2008 realizou-se o sonho coletivo da Casa própria para a nossa Biblioteca oficial, erguida na Praça N.S. de Fátima, local conhecido como Mirante das Lajes.
Reconhecer as bibliotecas como centros dinâmicos do saber significa desconstruir o mito dos escritos esquecidos nas prateleiras. Livro é o passado dialogando com o presente. O presente é a tecnologia preservando a memória, porque a história não para, mas também não se apaga. Inovação e tradição não são elementos excludentes entre si, como propaga Bill Gates, quando diz: “É claro que meus filhos terão computadores, mas antes terão livros”.
Democratizar o acesso às bibliotecas significa estimular o conhecimento e o pensamento. Bem--vindos à centenária Biblioteca P. M. Antônio Gonçalves Pinto! Portas abertas para todos!
“Nesta data querida”
17 de Abril de 2018, por Regina Coelho 0
“Equipe atual do Jornal das Lajes: André M. de Oliveira, Cássio Jônatas, Pe. Claudir P. Trindade, Denílson M. Daher, Ednanda D. Coelho, Márcia A. Resende, Paulo E. de Andrade, Rômulo E. de Sousa, Sérgio Ricardo, Tatiane S. de Resende, Wanessa de Paula”. Com essa escalação, o Jornal das Lajes entrou em campo, ou melhor, em circulação há exatos 15 anos.
Em seu editorial de estreia, O despertar do jornal, que apresenta o time citado acima, o pensamento é claro: “...construir um jornal para circular em toda a cidade é uma tarefa árdua, que exige de nossa parte uma enorme dose de compromisso com a sociedade resende-costense”. Ainda na primeira página, em matéria intitulada Liberdade, na coluna Soltando o verbo, Denílson M. Daher faz um levantamento histórico sobre esse pressuposto tão caro à humanidade. E arremata afirmando que “a finalidade (do JL) é agir como um elo entre a sociedade e os órgãos administradores e lutar pela justiça e pelo progresso de Resende Costa”.
Nas suas outras três páginas, o jornal traz matérias sobre o início da formação da nossa cidade, a Campanha da Fraternidade de 2003 (tema: Fraternidade e pessoas idosas), a Semana Santa, a arte e o artesanato, a ação nociva dos cigarros. Na coluna Jogo Aberto, que se mantém até hoje, o entrevistado é Gilberto Pinto, prefeito da época. Na última página, aparecem as Piadas do Zezinho e o Para Curtir, que vem a ser a programação festiva daquele mês.
E há mais. Três realidades expostas nessa primeira edição transformaram-se positivamente ao longo do tempo. Na coluna Giro Esportivo, hoje simplesmente Esporte, a matéria O esquecido Estádio dos eucaliptos (ilustrada com algumas fotos) e o conteúdo dela representam o passado. Revitalizado, o Campo do Expedicionário recebe boa atenção dos que por ele são responsáveis e devida utilização dos que o frequentam. Na seção Atualizando-se, o artigo é Moradores do bairro Pôr do Sol esperam providências do poder público em relação à situação precária do local. Atualizando para 2018 esse quadro. De “vista privilegiada”, como consta no texto de 2003, o Pôr do Sol oferece agora condições satisfatórias de moradia, contando com ruas pavimentadas. Reformado recentemente, o antigo Cruzeiro permanece como símbolo do bairro.
Na página de abertura, a charge de Cássio Jônatas mostra o interior do Teatro Municipal improvisado como biblioteca, um incômodo por um bom tempo vivido pela cidade. Pelos traços do artista os livros aparecem em desordem num ambiente decaído. A indagação Biblioteca Municipal... Resende Costa: cidade da leitura? aparece no alto da imagem. Pois bem! A resposta a isso, pelo menos no que diz respeito ao acolhimento físico adequado do acervo dessa importante instituição, pode ser encontrada num bonito prédio verde situado no Mirante das Lajes, tradicional ponto turístico da terra do artesanato. Cidade da leitura? Fica a dúvida.
No rodapé de cada página, doze pioneiros patrocinadores, que acreditaram nesse projeto de um jornal para Resende Costa, aparecem em destaque. Seguem fielmente ao nosso lado oito deles: Casa da Terra, Drogaria São Geraldo, Estylo Moda, Farmácia N. S. da Penha, Jolu Armarinho (Loja do João Bosco), Supermercado Bom Preço, Supermercado N. S. da Penha e Supermercado Sobrado.
Até onde se sabe, o Jornal das Lajes já atingiu o posto de periódico mais longevo da cidade, com tiragem e distribuição ininterruptas nesses anos de existência. E de uns tempos para cá, circulando ainda na vizinha São João del-Rei. Das 4 páginas de antes às 16 de agora, dos 2.000 exemplares do início aos 4.000 atuais, dos muitos que passaram por aqui trabalhando ou sendo notícia aos que aqui estão, muita coisa mudou. Para melhor, para você, LEITOR(A).
P.S.: Por uma feliz coincidência, neste abril de especial comemoração para o JL, celebra-se também o centenário de criação da Biblioteca Municipal Antônio Gonçalves Pinto, um marco relevante na história do também centenário município.