Papo de Esportes

A sombria realidade da máfia das apostas no futebol: quando o jogo limpo é corrompido

28 de Junho de 2023, por Vanuza Resende 0

Uma mancha sobre os gramados. E não, não estou falando sobre o péssimo estado do Mineirão depois do estádio ter se tornado uma arena de festas, (Alô, torcida do Galo! Acho que de tanto ouvir sobre o salão de festas, a ideia enraizou.), me refiro à máfia das apostas! Por detrás das emoções do esporte mais popular do planeta, há uma rede obscura de manipulação de resultados, suborno e corrupção que ameaça a emoção de uma partida de futebol.

Um esquema clandestino que movimenta milhões de reais, envolvendo jogadores, treinadores, árbitros e até mesmo dirigentes de clubes. Os apostadores ilegais buscam lucrar manipulando os resultados das partidas em seu próprio benefício.

Um levantamento do Jornal O GLOBO revela que as suspeitas de manipulação de resultados no Brasil vão muito além da Operação Penalidade Máxima, que comprovou manipulação até em jogos da Série A do Brasileirão.  Cinco estados têm investigações em andamento sobre esquemas de apostas ilegais em competições estaduais. Há casos de partidas sob suspeita com a presença de policiais na arquibancada, um jogador preso sob a acusação de integrar o esquema e até um campeonato sub-20 é alvo de um dos inquéritos.

E quem são os principais beneficiados com as apostas? Clubes e casas de apostas on-line são considerados vítimas. A relação entre as instituições e os cassinos estão cada vez mais estreitas. Trinta e nove dos 40 times das Séries A e B ostentam com marcas do ramo nos uniformes. Os sites de apostas são legalizados, mas não regulamentados. Ao todo, são 450 no Brasil. Todos movimentam R$ 12 bilhões e há estimativa de R$ 12,5 bilhões neste ano.Os cassinos turbinam o esporte. Hoje, é quase impossível rastrear o dinheiro. As sedes das firmas ficam no exterior. Logo, é impossível determinar a instalação de escritórios no país e taxas para trabalhos de inteligência e combate à manipulação.

Fato é que a solução do caso deve acelerar a regulamentação das casas de apostas on-line no Brasil. O governo busca editar a medida provisória acerca da tributação das empresas do ramo. Segundo o Ministério da Fazenda, o cenário atual gera um prejuízo entre R$ 12 milhões e 15 milhões em impostos anuais. Os quatro grandes clubes do eixo Rio-São Paulo se manifestaram contra a taxação, sob a alegação de impacto negativo nas receitas.

Entre debates de peixes grandes, é sabido que a clandestinidade não é novidade no mundo esportivo. A máfia das apostas costumava atuar rotineiramente em corridas de cavalos e lutas de boxe no início do século passado. Em 2007, estourou um escândalo de apostas da NBA, a principal liga de basquete do mundo. Relatórios de uma investigação do FBI foram divulgados, apontando que o árbitro Tim Donaghy apostou em jogos em que ele apitou. Ele se declarou culpado de duas acusações e, no ano seguinte, foi condenado a 15 meses de prisão e três anos de liberdade supervisionada.

Enquanto a máfia das apostas continuar a corroer as entranhas dos esportes, a alma de todas as modalidades estará em risco. No caso do futebol, a cada cartão amarelo, ou a cada expulsão... uma dúvida. Um pênalti mal batido é fruto da falta de treinamento ou da ambição? A confiança dos torcedores só voltará quando a fiscalização e a punição severa aos envolvidos forem tomadas. Por ora, acredito que infelizmente isso está longe de acontecer.

Fim dos estaduais, vem aí o Brasileirão

26 de Abril de 2023, por Vanuza Resende 0

Teve time que caiu nas quartas, outros na semi, alguns fizeram uma campanha vexatória e os grandes campeões começaram a temporada com o objetivo cumprido.

A começar por Minas Gerais. Que me desculpe o América, mas o Cruzeiro fez o favor de tirar a oportunidade de dois bons clássicos tradicionais no estado. Final entre Galo e Raposa é sempre mais emocionante, mas o Cruzeiro não fez por merecer e viu o América entregar o ouro ao rival ainda no primeiro jogo. Dos três times mineiros que estarão na Série A, os objetivos são bem diferentes. Para o Atlético, não dá para pensar em ficar de fora da Libertadores, é brigar pelo título. Já o América, por toda a organização que vem construindo, tem capacidade de incomodar aqueles que vão disputar lá em cima e abocanhar uma vaga na Libertadores. O Cruzeiro precisa de muita paciência, muito pé no chão e pensar em garantir a permanência na Série A.

No Rio, o cheirinho parece não ter fim. Mais um vice-campeonato para o Flamengo e uma virada histórica de vantagem do Fluminense, que mereceu o título de Campeão Carioca 2023, né, Diniz? O Vasco saindo cedo da competição, em um dos amistosos perdeu para o Athletic de São João del-Rei por 2x0 e preocupou pela atuação ruim. O Botafogo conquistou a Taça Rio e assegurou a participação na Copa do Brasil do ano que vem, mas as atuações não convenceram o torcedor que quer mudanças no time.

Em São Paulo, o Palmeiras, para mim, é o time mais bem treinado do país, mesmo levando um susto do Água Santa. O São Paulo se assustou antes e caiu fora. O Bragantino até tentou, mas também levou a pior enfrentando a sensação do Paulista. O Corinthians viu o Ituano garantir uma vaga na semi, ao vencer o Timão nos pênaltis, e acredita em uma melhora para o Brasileirão. A campanha vexatória ficou por conta do Santos, que parece não fazer esforço nenhum para apresentar um bom futebol, e ganhou um bom tempo para tentar mudar as coisas até o início do Brasileiro Série A.

Lá no Sul, as coisas não vão bem. Menos pior para o Grêmio. Mas, para conquistar mais que o título estadual, vai precisar melhorar a pontaria e tudo que Suarez prometeu ao chegar. A queda precoce do Internacional reforçou duas coisas: não existe time bobo mais e o estadual precisa ser mais que um “treino” para a temporada, que não vai ser assim tão fácil para o colorado.

Aos favoritos para a temporada, não dá para fugir do óbvio: Palmeiras, Flamengo, Fluminense, Atlético-MG. Dos grandes que precisam acertar os ponteiros, principalmente Cruzeiro e Santos. No mais, torço para um campeonato equilibrado, com menos probabilidades matemáticas e mais emoções ao final dos 90 minutos! 

O dia em que o Galo jogou em São João del-Rei

29 de Marco de 2023, por Vanuza Resende 0

Os ingressos começariam a ser vendidos às 12 horas. O primeiro torcedor chegou às 8h. A carga era pequena e a expectativa era gigante para garantir um dos 403 ingressos para a torcida visitante do jogo entre Athletic x Atlético/MG, válido pela semifinal do Mineiro 2023. Se não dava para ser da torcida atleticana, o jeito foi assistir pelo lado do Athletic – mas de preto e branco para preto e branco, estava tudo certo. E assim, muitos atleticanos dividiram a arquibancada com os torcedores do Athletic, que fizeram a festa com um resultado pouco provável – a vitória do Esquadrão de Aço.

Estive na reportagem de campo de 12 jogos do Athletic no início da temporada de 2023. Pela Rádio Emboabas, pude acompanhar muito mais do que as boas defesas da zaga, o meio de campo consolidado e o ataque de um time, que por vezes era limitado, mas sempre muito bem treinado. Acompanhei a realidade do futebol interior vivo.

Há três anos, o Athletic na Série A do Campeonato Mineiro vem sendo destaque na região. E, pela primeira vez, os torcedores atleticanos tiveram a oportunidade de ver acontecer em São João del-Rei um jogo do time do coração. E se a diretoria do Galo fez proposta milionária para o jogo acontecer na capital, os torcedores do interior valorizaram a chance de milhões de acompanhar de pertinho a história acontecer.

Recebi inúmeras mensagens de amigos e familiares querendo saber onde o time iria ficar hospedado. Não queriam perder a oportunidade, e não perderam. Distribuição de autógrafos ainda na pousada, gritos eufóricos, cantos entoados e carreata para receber a delegação atleticana.

Ouvi de um companheiro de mídia da capital: “Os jogadores estão cansados, Libertadores no meio de semana. Mas a sensação de estar em casa, mesmo há quilômetros da capital, é algo impagável”. E percebi o quão impagável foi, mesmo com ingressos a R$150,00, a sensação de receber jogadores que estão se tornando ídolos da torcida na porta de casa.

Após o apito final, muitas entrevistas polêmicas, dentro e fora de campo. Mas a certeza que fica é: 12 de março será sempre o dia em que o Galo jogou em São João del-Rei.

Do cheirinho ao papelão – a disputa do Mundial pelo Flamengo

01 de Marco de 2023, por Vanuza Resende 0

Acredito que foi unanimidade até aqui. Em todas as pesquisas que já vi, a maior torcida do Brasil é do Flamengo. E com folga. Criticar o time brasileiro que foi ao mundial, e com a maior torcida, é complicado. Até tentei buscar sobre outro assunto: o clássico Cruzeiro e Atlético terminar em 1x1 não me ajudou e o assunto não vai me render o número de palavras necessárias. E como em 2023 teremos mais clássicos mineiros, quem sabe em uma outra edição...

Por ora, o que me resta é falar de um cheirinho e do papelão do Flamengo na disputa do mundial. No dia 07 de fevereiro, o time brasileiro cometeu dois pênaltis, viu Gerson ser expulso no fim do primeiro tempo e acabou derrotado por 3 a 2 para o Al-Hilal no primeiro jogo do Mundial de Clubes da FIFA, disputado no Marrocos. E como tudo tem a primeira vez, aconteceu ali a do Rubro Negro: a primeira vez que o Flamengo ficou fora da final do Mundial. Em 1981, o time foi campeão e, em 2019, perdeu para o Liverpool na decisão. 

Para mim, o papelão começou fora das 4 linhas. A diretoria do Flamengo optou por demitir Dorival Júnior mesmo após a conquista da Libertadores e da Copa do Brasil, e trouxe Vítor Pereira para reiniciar o trabalho no começo de 2023, ciente de que teria a disputa não só do Mundial, como também da Supercopa, perdida para o Palmeiras, e da Recopa, que vai acontecer no fim do mês, contra Independiente Del Valle.

E quando Vitor Pereira resolve tirar Éverton Ribeiro e Arrascaeta da partida, meu amigo, não dá! Se eu fosse técnica, a substituição dos jogadores não aconteceria. “- Professora, machuquei a perna”. Minha resposta seria: “- A gente vê isso depois dos 90 minutos”. Salvo o exagero, as substituições desses jogadores ainda são tabus e não dá para dizer que foi opção quando a única opção, para grande maioria dos torcedores, é a de manter os craques jogando o tempo todo.

Minha amiga, e vou reforçar, estamos falando da maior torcida do Brasil. Por isso, qualquer bordão pega, não adianta. O problema é que o cheirinho não envelheceu desde 2016. E mais uma vez, tivemos um meme pronto. “Real Madrid, pode esperar. A sua hora vai chegar.... O Real deve estar até agora esperando, e não sei se sentado. Mas, com certeza, com o título nas mãos!

Um papelão que acabou minando os planos financeiros do clube, atrapalhou as comemorações da torcida e deixou algumas dúvidas para a temporada. Mas vou encerrar, repetindo o que ouvi de um amigo flamenguista: “Se o Flamengo quiser pagar esse mico ano que vem de novo, está tudo bem. Antes disso eu faturei a Libertadores da América. E só perde o mundial, quem disputa”. (Tá certo que poderia ter sido a disputa do jogo final, mas vou ser obrigada a concordar que conquistar a América é um papel muito bonito e cheira bem).

Rumo ao Hexa... em 2026!

21 de Dezembro de 2022, por Vanuza Resende 0

Faltavam quatro minutos... Era só retrancar o time... Por que o 10 da seleção bate pênalti por último? Mas se não tivesse tirado o Vini Júnior? E se o Richarlison ficasse até o final? Dúvidas e reticências infinitas de uma cruel eliminação.

Na Copa em que a Zebra galopou infinitas vezes, o Brasil perdeu mais uma oportunidade de conquistar o Hexa. Caímos por um adversário tecnicamente mais fraco, entramos no jogo deles e fomos obrigados a engolir o choro, como fez o capitão Tiago Silva; ou ainda, nos debulharmos em lágrimas, como o Pombo.

Para a sexta estrela chegar, era nítido que precisava mais que o futebol apresentado na fase de grupos. Os elogios ao Tite são unicamente exclusivos da decisão de colocar todos os jogadores convocados para jogar, mesmo que isso custasse a derrota, e ameaçasse a liderança do grupo.

Mas nas oitavas, o caminho do Hexa parecia estar ali. Uma sonora goleada contra a Coreia do Sul e o Brasil pronto para mostrar a força da jovem seleção canarinho. Era fácil e, por isso, as quartas de final foram jogadas com a cabeça na semi. Um histórico Brasil x Argentina nos aguardava, o suficiente para deixar o time nervoso.

E assim foi traçada a nossa queda. A torcida, tudo bem, tem que pensar na folga do trabalho e sonhar com o título mesmo, mas a seleção não pode esquecer do agora nas quatro linhas. Dentro de campo, nenhum adversário chegou ali por acaso. Todos eles têm propostas, estratégias, craques e sonhos em jogo!

Para alguns, a culpa é da superioridade das seleções europeias. Outros acreditam que o Brasil não tem jogadores como os de antigamente, capazes de chegar até, ao menos, a final da Copa. Eu não me arrisco a citar o responsável, ou melhor, listar as responsabilidades. Lamento, e muito, a tentativa fracassada. Lamento mais ainda por saber que tem brasileiro que torce contra a própria seleção a ponto de comemorar a eliminação.

 O jogo segue, tivemos um campeão e eu permaneço com o gostinho de que, apesar dos pesares, torço para a única seleção que tem cinco títulos do maior torneio de futebol do mundo e confiante de que as coisas vão mudar para, finalmente, o rumo se tornar realidade e o Hexa chegar!