Olha o passarinho
11 de Outubro de 2011, por Regina Coelho 0
Uma viagem de passeio feita em julho deste ano me levou a observar a interessante relação que se estabelece entre a pessoa que está fazendo turismo e a sua máquina fotográfica. Um dos primeiros itens a ser incluído na bagagem (na minha, inclusive), esse acessório de viagem turística deveria deixar de ser assim considerado porque, na verdade, ele é indispensável para quase todo mundo nessa situação.
Antes de mais nada, preciso dizer que até eu, que nunca morri de amores por fotografias que tiravam de mim ou que eu mesma tirava, tomei um certo gosto pela coisa. Para quem tinha verdadeira aversão ao clique da máquina apontada para mim, mudei muito. Ou era mesmo falta de jeito para o “olha o passarinho!”, sei lá! Sei é que enquanto durou a minha fase, digamos assim, fotofóbica, dei conta de fugir de muitas fotos, até de algumas em que deveria aparecer. Reconheço isso hoje. Em razão desse antigo comportamento, não tenho o registro em foto de certos momentos propícios a isso, alguns até muito importantes para mim. Acontecia que na hora da pose não sabia simplesmente o que fazer. Onde coloco as mãos, meu Deus? Deixo o cabelo para trás ou é melhor jogá-lo para frente? Convém mostrar um leve sorriso ou não? Era um problema, agora felizmente superado.
Dito isto, voltemos ao turista e sua sempre presente câmera fotográfica, o que, de cara, já o identifica como tal. E tome fotografia! É incrível como praticamente tudo pode lhe servir de motivo para uma clicada a mais. Fotos em frente a fachadas ou monumentos famosos, ah, isso todo mundo faz. Mas já vi gente fotografando, por exemplo, uma fruta exótica exposta em banca, vitrine de rua ou no café da manhã, isso quando não é fotografada a própria mesa do café. Uma determinada porta diferente de hotel, uma espreguiçadeira bem prática da praia ou mesmo aquela fontezinha luminosa toda charmosa merecem uma foto. É que a gente pode querer fazer igual alguma delas um dia. Tem aquele tipo que não perde a oportunidade de registrar toda e qualquer manifestação popular. Pode ser uma banda passando, um sujeito vestido em trajes extravagantes ou um garoto escalando um coqueiro altíssimo.
Nesse afã todo em busca da melhor imagem, vale quase tudo, desde esticar o braço até as alturas para alcançar o objeto a ser fotografado, deitar-se no chão e captar determinado teto maravilhoso, até escalar um ponto bem alto e perigoso e de lá conseguir o lugar ideal para mais uma fotografia digna talvez de premiação. Se possível, é preciso tirar várias fotos do alvo escolhido, sob todos os ângulos. Vai que a pessoa perde algum detalhe e aí... É melhor se garantir com mais um clique.
Passado o momento da viagem, vem a ansiedade para mostrar aos mais próximos (ou não, quando o material é jogado no computador) o que foi o passeio. Nessa hora, fica claro que certas fotos ou quase todas simplesmente não interessam a eles. Francamente falando, algumas delas não fazem tanto sentido nem para o seu próprio dono. A propósito, minha amiga Popó tem uma teoria bacana sobre isso. Segundo ela, vale o sentimento da gente na hora da foto. O que a gente teve vontade de expressar através daquela imagem. Concordo inteiramente com ela.
Outro aspecto que me chama a atenção nessa ligação do turista com a sua câmera é a maneira como ele se posiciona para as fotos. É engraçado observar como cada um se comporta. Os mais jovens, normalmente, gostam de mostrar a irreverência típica da idade. Aparecem sempre muito alegres, mostram dentes, às vezes língua, aparelho ortodôntico, piercings e tatuagens. Fazem gestos largos e, se a foto é de turma, é difícil saber quem é o mais animado, a julgar pela expressão facial. Entre as meninas, parece que é tendência atual ficar de perfil. Já as pessoas mais maduras são mais contidas. Algumas se mostram até travadas, parecendo estátuas. Há quem fique com semblante até triste naquele instante só de alegria.
Drama mesmo acontece quando o turista perde a sua quase inseparável companheira de viagem num raro momento de distração em relação a ela. Isso pode significar o fim para ele. Voltar para casa sem ela e, consequentemente, sem o material produzido com tanto empenho e satisfação deve ser muito desagradável.
Uma observação final: não usei o termo “retrato” uma única vez. Hoje tiramos fotos, não mais retratos, não é mesmo? Seja lá como for, o importante é poder guardar com a gente os bons momentos dos passeios. Do dia a dia também, que eles podem ser igualmente inesquecíveis.
Antes de mais nada, preciso dizer que até eu, que nunca morri de amores por fotografias que tiravam de mim ou que eu mesma tirava, tomei um certo gosto pela coisa. Para quem tinha verdadeira aversão ao clique da máquina apontada para mim, mudei muito. Ou era mesmo falta de jeito para o “olha o passarinho!”, sei lá! Sei é que enquanto durou a minha fase, digamos assim, fotofóbica, dei conta de fugir de muitas fotos, até de algumas em que deveria aparecer. Reconheço isso hoje. Em razão desse antigo comportamento, não tenho o registro em foto de certos momentos propícios a isso, alguns até muito importantes para mim. Acontecia que na hora da pose não sabia simplesmente o que fazer. Onde coloco as mãos, meu Deus? Deixo o cabelo para trás ou é melhor jogá-lo para frente? Convém mostrar um leve sorriso ou não? Era um problema, agora felizmente superado.
Dito isto, voltemos ao turista e sua sempre presente câmera fotográfica, o que, de cara, já o identifica como tal. E tome fotografia! É incrível como praticamente tudo pode lhe servir de motivo para uma clicada a mais. Fotos em frente a fachadas ou monumentos famosos, ah, isso todo mundo faz. Mas já vi gente fotografando, por exemplo, uma fruta exótica exposta em banca, vitrine de rua ou no café da manhã, isso quando não é fotografada a própria mesa do café. Uma determinada porta diferente de hotel, uma espreguiçadeira bem prática da praia ou mesmo aquela fontezinha luminosa toda charmosa merecem uma foto. É que a gente pode querer fazer igual alguma delas um dia. Tem aquele tipo que não perde a oportunidade de registrar toda e qualquer manifestação popular. Pode ser uma banda passando, um sujeito vestido em trajes extravagantes ou um garoto escalando um coqueiro altíssimo.
Nesse afã todo em busca da melhor imagem, vale quase tudo, desde esticar o braço até as alturas para alcançar o objeto a ser fotografado, deitar-se no chão e captar determinado teto maravilhoso, até escalar um ponto bem alto e perigoso e de lá conseguir o lugar ideal para mais uma fotografia digna talvez de premiação. Se possível, é preciso tirar várias fotos do alvo escolhido, sob todos os ângulos. Vai que a pessoa perde algum detalhe e aí... É melhor se garantir com mais um clique.
Passado o momento da viagem, vem a ansiedade para mostrar aos mais próximos (ou não, quando o material é jogado no computador) o que foi o passeio. Nessa hora, fica claro que certas fotos ou quase todas simplesmente não interessam a eles. Francamente falando, algumas delas não fazem tanto sentido nem para o seu próprio dono. A propósito, minha amiga Popó tem uma teoria bacana sobre isso. Segundo ela, vale o sentimento da gente na hora da foto. O que a gente teve vontade de expressar através daquela imagem. Concordo inteiramente com ela.
Outro aspecto que me chama a atenção nessa ligação do turista com a sua câmera é a maneira como ele se posiciona para as fotos. É engraçado observar como cada um se comporta. Os mais jovens, normalmente, gostam de mostrar a irreverência típica da idade. Aparecem sempre muito alegres, mostram dentes, às vezes língua, aparelho ortodôntico, piercings e tatuagens. Fazem gestos largos e, se a foto é de turma, é difícil saber quem é o mais animado, a julgar pela expressão facial. Entre as meninas, parece que é tendência atual ficar de perfil. Já as pessoas mais maduras são mais contidas. Algumas se mostram até travadas, parecendo estátuas. Há quem fique com semblante até triste naquele instante só de alegria.
Drama mesmo acontece quando o turista perde a sua quase inseparável companheira de viagem num raro momento de distração em relação a ela. Isso pode significar o fim para ele. Voltar para casa sem ela e, consequentemente, sem o material produzido com tanto empenho e satisfação deve ser muito desagradável.
Uma observação final: não usei o termo “retrato” uma única vez. Hoje tiramos fotos, não mais retratos, não é mesmo? Seja lá como for, o importante é poder guardar com a gente os bons momentos dos passeios. Do dia a dia também, que eles podem ser igualmente inesquecíveis.
Irmã Maria Geralda
13 de Setembro de 2011, por Regina Coelho 0

Irmã Maria Geralda celebrou 50 anos de vida religiosa
Pessoas como a irmã Maria Geralda Resende, religiosa do Bom Pastor, são a perfeita tradução do que escreveu um dia o poeta alemão Bertolt Brecht sobre aqueles que lutam a vida toda – esses são os imprescindíveis.
Assim é a prima Maria Geralda. Sempre tive conhecimento de seu trabalho firme e corajoso junto aos marginalizados, o que é motivo de orgulho para a família e inspiração para esta coluna, quando se comemora o Jubileu de Ouro religioso dessa admirável resende-costense. Por solicitação minha recebi dela o seguinte testemunho:
Meu Jubileu de Ouro
“Sou a Ir. Maria Geralda Resende, nasci em Resende Costa, MG, a mais velha de oito irmãos. Meus pais, Vera e Alcindo, ela, professora e ele, escrivão da Coletoria Federal, católicos praticantes, me ensinaram desde cedo a amar Jesus e a Eucaristia. Fiz parte da Cruzada Eucarística e no dia em que completei seis anos, entre meus pais, fiz minha Primeira Comunhão. Disseram-me que tudo que eu pedisse a Jesus nesse dia, Ele me concederia. Na minha cabeça de criança pedi a Ele que queria ser religiosa, ser toda d’Ele, mas, se quando crescesse, eu gostasse de outra coisa, que Ele estava dispensado de atender meu pedido. Fiz meu curso primário no Grupo Escolar Assis Resende e depois fui estudar com as Filhas da Caridade em São João del-Rei e Barbacena, onde em 1958 terminei o Curso Normal. Naquele ano, em abril, uma amiga pediu que eu a acompanhasse ao Instituto Bom Pastor, onde ela ia se encontrar com um salesiano, padre Bartolomeu Poli. Ao entrar na capela, foi como se um raio me atingisse e eu escutei bem forte: É aqui que eu te quero. Comecei a chorar e penso que naquela hora Deus me mudou, tomou posse de mim, cumpriu o que eu lhe tinha pedido aos seis anos. Entrei na capela chorando muito, e o padre, assustado, perguntou o que eu tinha. Disse-lhe que eu ia ser religiosa daquela congregação que nem conhecia ainda. Ele pediu que eu lhe procurasse depois de 15 dias, mas quis conhecer as Irmãs, e naquele dia escrevi uma carta à Madre Provincial pedindo-lhe para ingressar na congregação. A resposta só veio em agosto. Nesse período, fui catequista, filha de Maria e minha vida mudou totalmente. Perdi o interesse por filmes e bailes. Fiz minha profissão religiosa em 15 de agosto de 1961, e desde então sirvo ao Senhor trabalhando pelos mais pobres e marginalizados. Residi em várias cidades, fiz o ISPAC (Instituto Superior da Pastoral Catequética), com estágios na Penitenciária do Carandiru, em São Paulo, no tempo da ditadura e me especializei em catequese para adultos. Morei em várias cidades, sempre sabendo que estava no lugar certo, fazendo o que Jesus me pedia. Agora faço 50 anos de Vida Religiosa Consagrada. Como presente, Jesus me levou para conhecer Sua terra. Estou chegando da Terra Santa, encharcada de bênçãos e graças, vendo tudo colorido. Agradeço a todos que me ajudaram a chegar até aqui, e ofereço a cada um meu Jubileu de Ouro. À minha família, congregação, amigos, às pessoas que por mim passaram, aos pobres, às mulheres prostituídas, aos jovens, aos presos, a todos que fizeram parte da minha vida, deixo aqui o meu agradecimento”.
Rumo a São Sebastião
Lilia Lara
Integrei-me à comitiva familiar em Barbacena. No dia 13 de agosto último, seguimos para São Sebastião (SP) com o objetivo de participar da festa dos 50 anos de vida religiosa de minha sobrinha. Ficamos hospedados numa pousada das Irmãzinhas do Coração Imaculado de Maria, um lugar tranquilo e com uma praia “particular”, pois o quintal da pousada dá para a praia. Não podíamos desperdiçar aquela dádiva de Deus – o mar todo por nossa conta. Aliás, a mineirada, quando avistou aquele mundão de água, a criançada principalmente, começou a gritar: ao mar! ao mar! “ao mário!” Foi divertido.
Dia 15, participamos de um almoço oferecido aos familiares da Irmã Maria Geralda, padres e religiosas. À noite, o momento mais importante: a celebração da missa festiva presidida pelo padre Zezinho, amigo e companheiro de jornada da Irmã Maria Geralda. Guardo comigo em especial uma cena emocionante: a homenageada caminhando pelo centro da igreja, de braço dado com sua mãe, minha irmã Vera, sempre altiva e serena, do alto de seus lúcidos 95 anos, orgulhosa da filha.
Durante a homilia, Padre Zezinho destacou a atuação incansável de nossa querida religiosa nas ruas e nos presídios para falar com os sofridos, encorajando-os e ajudando-os a uma vida melhor. Em seguida, o ponto máximo da solenidade: Irmã Maria Geralda renovou seus votos e cantou uma bela consagração. Ao final da missa, recebemos uma bênção especial ao som da consagrada música que exalta o valor da família, com a interpretação de seu próprio autor.
A programação culminou com um coquetel, e apresentação de um vídeo sobre a vida de Irmã Maria Geralda contendo imagens inclusive de Resende Costa, cidade que a viu nascer para, a exemplo de sua inspiradora, Santa Eufrásia, seguir as pegadas do Bom Pastor.
Assim é a prima Maria Geralda. Sempre tive conhecimento de seu trabalho firme e corajoso junto aos marginalizados, o que é motivo de orgulho para a família e inspiração para esta coluna, quando se comemora o Jubileu de Ouro religioso dessa admirável resende-costense. Por solicitação minha recebi dela o seguinte testemunho:
Meu Jubileu de Ouro
“Sou a Ir. Maria Geralda Resende, nasci em Resende Costa, MG, a mais velha de oito irmãos. Meus pais, Vera e Alcindo, ela, professora e ele, escrivão da Coletoria Federal, católicos praticantes, me ensinaram desde cedo a amar Jesus e a Eucaristia. Fiz parte da Cruzada Eucarística e no dia em que completei seis anos, entre meus pais, fiz minha Primeira Comunhão. Disseram-me que tudo que eu pedisse a Jesus nesse dia, Ele me concederia. Na minha cabeça de criança pedi a Ele que queria ser religiosa, ser toda d’Ele, mas, se quando crescesse, eu gostasse de outra coisa, que Ele estava dispensado de atender meu pedido. Fiz meu curso primário no Grupo Escolar Assis Resende e depois fui estudar com as Filhas da Caridade em São João del-Rei e Barbacena, onde em 1958 terminei o Curso Normal. Naquele ano, em abril, uma amiga pediu que eu a acompanhasse ao Instituto Bom Pastor, onde ela ia se encontrar com um salesiano, padre Bartolomeu Poli. Ao entrar na capela, foi como se um raio me atingisse e eu escutei bem forte: É aqui que eu te quero. Comecei a chorar e penso que naquela hora Deus me mudou, tomou posse de mim, cumpriu o que eu lhe tinha pedido aos seis anos. Entrei na capela chorando muito, e o padre, assustado, perguntou o que eu tinha. Disse-lhe que eu ia ser religiosa daquela congregação que nem conhecia ainda. Ele pediu que eu lhe procurasse depois de 15 dias, mas quis conhecer as Irmãs, e naquele dia escrevi uma carta à Madre Provincial pedindo-lhe para ingressar na congregação. A resposta só veio em agosto. Nesse período, fui catequista, filha de Maria e minha vida mudou totalmente. Perdi o interesse por filmes e bailes. Fiz minha profissão religiosa em 15 de agosto de 1961, e desde então sirvo ao Senhor trabalhando pelos mais pobres e marginalizados. Residi em várias cidades, fiz o ISPAC (Instituto Superior da Pastoral Catequética), com estágios na Penitenciária do Carandiru, em São Paulo, no tempo da ditadura e me especializei em catequese para adultos. Morei em várias cidades, sempre sabendo que estava no lugar certo, fazendo o que Jesus me pedia. Agora faço 50 anos de Vida Religiosa Consagrada. Como presente, Jesus me levou para conhecer Sua terra. Estou chegando da Terra Santa, encharcada de bênçãos e graças, vendo tudo colorido. Agradeço a todos que me ajudaram a chegar até aqui, e ofereço a cada um meu Jubileu de Ouro. À minha família, congregação, amigos, às pessoas que por mim passaram, aos pobres, às mulheres prostituídas, aos jovens, aos presos, a todos que fizeram parte da minha vida, deixo aqui o meu agradecimento”.
Rumo a São Sebastião
Lilia Lara
Integrei-me à comitiva familiar em Barbacena. No dia 13 de agosto último, seguimos para São Sebastião (SP) com o objetivo de participar da festa dos 50 anos de vida religiosa de minha sobrinha. Ficamos hospedados numa pousada das Irmãzinhas do Coração Imaculado de Maria, um lugar tranquilo e com uma praia “particular”, pois o quintal da pousada dá para a praia. Não podíamos desperdiçar aquela dádiva de Deus – o mar todo por nossa conta. Aliás, a mineirada, quando avistou aquele mundão de água, a criançada principalmente, começou a gritar: ao mar! ao mar! “ao mário!” Foi divertido.
Dia 15, participamos de um almoço oferecido aos familiares da Irmã Maria Geralda, padres e religiosas. À noite, o momento mais importante: a celebração da missa festiva presidida pelo padre Zezinho, amigo e companheiro de jornada da Irmã Maria Geralda. Guardo comigo em especial uma cena emocionante: a homenageada caminhando pelo centro da igreja, de braço dado com sua mãe, minha irmã Vera, sempre altiva e serena, do alto de seus lúcidos 95 anos, orgulhosa da filha.
Durante a homilia, Padre Zezinho destacou a atuação incansável de nossa querida religiosa nas ruas e nos presídios para falar com os sofridos, encorajando-os e ajudando-os a uma vida melhor. Em seguida, o ponto máximo da solenidade: Irmã Maria Geralda renovou seus votos e cantou uma bela consagração. Ao final da missa, recebemos uma bênção especial ao som da consagrada música que exalta o valor da família, com a interpretação de seu próprio autor.
A programação culminou com um coquetel, e apresentação de um vídeo sobre a vida de Irmã Maria Geralda contendo imagens inclusive de Resende Costa, cidade que a viu nascer para, a exemplo de sua inspiradora, Santa Eufrásia, seguir as pegadas do Bom Pastor.
Cidade limpa
17 de Agosto de 2011, por Regina Coelho 0
“O povo de fora parabeniza o povo de Resende Costa pela limpeza, mas ainda há gente que joga as coisas na rua”. Quem afirma isso é Hélio da Silva Resende, o Hélio do Nhonhô, 51 anos, há oito na função de gari da prefeitura, onde ingressou mediante concurso público há quase 18 anos. Para a falta de educação dos que jogam lixo no chão ele sugere lixeiras (hoje instaladas pela cidade), mas reconhece que as pessoas põem entulho nelas.
Pela manhã em caminhada habitual, sempre vejo com sua vassoura o Hélio cumprindo uma jornada de trabalho que começa bem cedo, às 4 horas. Certo dia, resolvi conversar com ele, precisamente depois de ouvi-lo comentar sobre os problemas de saúde (artrose nos joelhos e complicações nos tendões dos pés) que o afastaram, a contragosto, do serviço no caminhão de coleta de lixo.
Segundo Hélio, o trecho compreendido entre a casa do Lulu (filho do Antônio Magalhães) até o cruzeiro (do bairro Nova Brasília) e as praças da Rodoviária e da Várzea estão sob sua responsabilidade, sem contar o dia reservado aos cuidados com o campo do Expedicionários. Nesse trajeto diário, as luvas e as botinas são equipamento de proteção indispensável, no entanto, atualmente, ele usa tênis por considerar esse tipo de calçado mais leve. “Dá mais proteção”, afirma. Quando lhe pergunto sobre algum eventual acidente de trabalho, ele se lembra de ter batido com a cabeça numa grade de certa casa, pois teve que se esticar todo para pegar o lixo. Isso se deu nos tempos de serviço no caminhão. E já se cortou também com caco de vidro. O gari que elege a segunda-feira como o dia mais difícil de varrição pelo acúmulo natural de lixo revela nunca ter encontrado qualquer coisa valiosa ou curiosa no meio do que recolhe. Acha que o pior na sua atividade é pegar bicho morto, afirmando ser comum achar muito cachorro cheirando mal. “O resto tudo é bom porque a gente faz o serviço com amor”, ressalta ele sem deixar de afirmar que as pessoas, de um modo geral, valorizam seu trabalho e sentem sua falta no caminhão.
Um assunto puxa outro, não é mesmo? Assim, fica impossível não lembrar agora um episódio envolvendo a infeliz participação do jornalista Boris Casoy. Recordando. Num intervalo do Jornal da Band, edição do réveillon de 2009, foi levado ao ar um vídeo de dois garis desejando a todos boas festas. Casoy não havia percebido que o áudio ainda estava aberto e fez os seguintes comentários sobre os dois: “que merda... dois lixeiros desejando felicidades do alto de suas vassouras... dois lixeiros ... o mais baixo da escala do trabalho”. Falou besteira o jornalista. Isso sim é uma vergonha.
Voltando a falar do Hélio e, por extensão, da categoria que ele representa, é preciso dizer que, na verdade, esses trabalhadores nem sempre são respeitados pelo que fazem. Apesar de imprescindíveis para a manutenção da limpeza nas cidades, eles costumam parecer invisíveis aos olhos da sociedade, que muitas vezes consegue enxergá-los somente quando a sujeira se acumula nas ruas.
Papel de bala, bituca de cigarro, palito de fósforo e de picolé, anúncios, sacola plástica, chicletes, folhas secas... A exceção disso tudo fica com as folhas, que caem no chão naturalmente, mas o resto alguém simplesmente joga fora... das lixeiras, o que é lamentável. Entra em ação a turma da faxina para deixar a cidade com aspecto saudável, com o jeito que deve ter a casa da gente. E se somos de fato conhecidos por manter limpas nossas vias públicas, façamos todos por merecer tal distinção.
Para concluir, vai aqui uma curiosidade ou um pouco de cultura inútil, como queiram: o nome gari é uma homenagem ao francês Aleixo Gary, empresário que se destacou na organização do serviço de limpeza no Rio de Janeiro pelos idos de 1876. Vencido o contrato com o francês, os cariocas, acostumados com a limpeza das ruas após a passagem dos cavalos, mandavam chamar a turma do Gary. Aos poucos o nome se generalizou e até hoje esses profissionais são assim chamados.
Pela manhã em caminhada habitual, sempre vejo com sua vassoura o Hélio cumprindo uma jornada de trabalho que começa bem cedo, às 4 horas. Certo dia, resolvi conversar com ele, precisamente depois de ouvi-lo comentar sobre os problemas de saúde (artrose nos joelhos e complicações nos tendões dos pés) que o afastaram, a contragosto, do serviço no caminhão de coleta de lixo.
Segundo Hélio, o trecho compreendido entre a casa do Lulu (filho do Antônio Magalhães) até o cruzeiro (do bairro Nova Brasília) e as praças da Rodoviária e da Várzea estão sob sua responsabilidade, sem contar o dia reservado aos cuidados com o campo do Expedicionários. Nesse trajeto diário, as luvas e as botinas são equipamento de proteção indispensável, no entanto, atualmente, ele usa tênis por considerar esse tipo de calçado mais leve. “Dá mais proteção”, afirma. Quando lhe pergunto sobre algum eventual acidente de trabalho, ele se lembra de ter batido com a cabeça numa grade de certa casa, pois teve que se esticar todo para pegar o lixo. Isso se deu nos tempos de serviço no caminhão. E já se cortou também com caco de vidro. O gari que elege a segunda-feira como o dia mais difícil de varrição pelo acúmulo natural de lixo revela nunca ter encontrado qualquer coisa valiosa ou curiosa no meio do que recolhe. Acha que o pior na sua atividade é pegar bicho morto, afirmando ser comum achar muito cachorro cheirando mal. “O resto tudo é bom porque a gente faz o serviço com amor”, ressalta ele sem deixar de afirmar que as pessoas, de um modo geral, valorizam seu trabalho e sentem sua falta no caminhão.
Um assunto puxa outro, não é mesmo? Assim, fica impossível não lembrar agora um episódio envolvendo a infeliz participação do jornalista Boris Casoy. Recordando. Num intervalo do Jornal da Band, edição do réveillon de 2009, foi levado ao ar um vídeo de dois garis desejando a todos boas festas. Casoy não havia percebido que o áudio ainda estava aberto e fez os seguintes comentários sobre os dois: “que merda... dois lixeiros desejando felicidades do alto de suas vassouras... dois lixeiros ... o mais baixo da escala do trabalho”. Falou besteira o jornalista. Isso sim é uma vergonha.
Voltando a falar do Hélio e, por extensão, da categoria que ele representa, é preciso dizer que, na verdade, esses trabalhadores nem sempre são respeitados pelo que fazem. Apesar de imprescindíveis para a manutenção da limpeza nas cidades, eles costumam parecer invisíveis aos olhos da sociedade, que muitas vezes consegue enxergá-los somente quando a sujeira se acumula nas ruas.
Papel de bala, bituca de cigarro, palito de fósforo e de picolé, anúncios, sacola plástica, chicletes, folhas secas... A exceção disso tudo fica com as folhas, que caem no chão naturalmente, mas o resto alguém simplesmente joga fora... das lixeiras, o que é lamentável. Entra em ação a turma da faxina para deixar a cidade com aspecto saudável, com o jeito que deve ter a casa da gente. E se somos de fato conhecidos por manter limpas nossas vias públicas, façamos todos por merecer tal distinção.
Para concluir, vai aqui uma curiosidade ou um pouco de cultura inútil, como queiram: o nome gari é uma homenagem ao francês Aleixo Gary, empresário que se destacou na organização do serviço de limpeza no Rio de Janeiro pelos idos de 1876. Vencido o contrato com o francês, os cariocas, acostumados com a limpeza das ruas após a passagem dos cavalos, mandavam chamar a turma do Gary. Aos poucos o nome se generalizou e até hoje esses profissionais são assim chamados.
O português em pauta
12 de Julho de 2011, por Regina Coelho 0
Tive vários excelentes alunos ao longo de minha carreira no magistério. Entre eles lembro agora, em especial, uma determinada menina cuja facilidade de aprendizagem era espantosa. Até aqui não há nada a estranhar, mas a partir de um episódio observado em sala de aula, passei a refletir mais profundamente sobre meu papel de professora de português. Eis o ocorrido.
Depois de inúmeras aulas sobre concordância verbal e também a nominal, durante as quais cada caso foi detalhadamente explicado e exemplificado, apliquei uma prova caprichada (sem maldade, é claro!) à turma daquela aluna mencionada no início do texto. O resultado? Da parte dela, nota máxima com louvor.
Mas... e daí? Desconsidera-se, nessa situação, o fato de que por não ser uma ciência exata o estudo de uma língua envolve certos detalhes, o que dificulta um pouco “fechar a prova”. Não se considera ainda a alegação de que “a Regina sempre acha alguma coisa para descontar algum décimo da gente”, diziam isso de mim muitas vezes. No caso em questão, ficou evidente para mim a grande dificuldade de ver a teoria se transformar em prática. Em outras palavras, a aluna que havia demonstrado na prova ter aprendido com brilhantismo as regras de concordância, inclusive as mais complexas, simplesmente não conseguia aplicar a mais elementar delas. Assim, estando o sujeito no plural, por exemplo, mesmo na ordem direta, era impossível para ela levar o verbo para o plural. Isso no convívio quase diário da sala de aula comigo e os colegas.
Devo dizer a vocês que esse caso me marcou. Mesmo levando em conta a força desfavorável do ambiente doméstico da menina ao uso do padrão linguístico, percebi que, como professora, precisava fazer alguma coisa para tornar a norma culta do português mais acessível a ela e a todos os outros alunos. Isso tudo sem desrespeitar o universo de cada um.
Essa história toda me veio à lembrança agora, quando se discute no país inteiro o livro Por uma vida melhor, ou o capítulo dele que supostamente defende o que se convencionou chamar de erros de português. O assunto já foi tratado com muita propriedade pelo Rosalvo aqui mesmo no JL da edição passada, no entanto, em atendimento a uma sugestão da direção do jornal, entro no mérito dessa questão.
Começo dizendo que não conheço o citado livro, mas conheço de sobra essa discussão, que nem é nova. Já há um bom tempo os conceitos de adequação e inadequação da linguagem substituíram o simplismo do certo e do errado nas aulas de português. Sabe-se que toda língua é um conjunto de variedades. Sendo assim, tomando por base os trechos da obra destacados pela mídia, vejo coerência no posicionamento da autora. Quando afirma que o falante tem de ser capaz de usar a variante adequada da língua para cada ocasião, ela tem toda razão. Quem é que informalmente não deixa de falar às vezes os livro, por exemplo?
Não se trata aqui de defender esse material didático. Percebo é um certo exagero na maneira como o assunto vem sendo tratado. Assassinato, massacre da língua portuguesa e inimigos de um bom português são apenas algumas das expressões que pincei de revistas e jornais como ilustração disso.
Em razão de tantos questionamentos sobre o ensino do português, como o que ocorre atualmente no Brasil, é preciso considerar que um bom profissional da área pode fazer toda a diferença. Constatar isso é afirmar que alunos bem orientados e preparados linguisticamente conseguem transitar com desenvoltura entre as mais diversas formas de comunicação verbal.
Sem negar a legitimidade das variantes que contrariam o que preconiza a norma culta, é necessário admitir a relevância do estudo formal da língua pátria, normalmente ministrado pelas instituições de ensino. Se grande parte delas falha nesse propósito, isso já comporta outras análises.
Voltando à discussão específica que deu origem à presente matéria, faço minhas as palavras de Cristovão Tezza, escritor e vencedor do prêmio Jabuti em 2008. Segundo Tezza,”não é função da escola controlar o que o aluno fala e sim dar a ele o domínio da língua escrita. À medida que ele vai consolidando a maneira como escreve, também vai mudando a estrutura da fala”.
E para terminar, é oportuno lembrar que existem questões muito mais sérias para atacar. Ou alguém julga aceitável, por exemplo, o analfabetismo funcional de tantos alunos em plena adolescência ou mesmo na fase adulta?
Depois de inúmeras aulas sobre concordância verbal e também a nominal, durante as quais cada caso foi detalhadamente explicado e exemplificado, apliquei uma prova caprichada (sem maldade, é claro!) à turma daquela aluna mencionada no início do texto. O resultado? Da parte dela, nota máxima com louvor.
Mas... e daí? Desconsidera-se, nessa situação, o fato de que por não ser uma ciência exata o estudo de uma língua envolve certos detalhes, o que dificulta um pouco “fechar a prova”. Não se considera ainda a alegação de que “a Regina sempre acha alguma coisa para descontar algum décimo da gente”, diziam isso de mim muitas vezes. No caso em questão, ficou evidente para mim a grande dificuldade de ver a teoria se transformar em prática. Em outras palavras, a aluna que havia demonstrado na prova ter aprendido com brilhantismo as regras de concordância, inclusive as mais complexas, simplesmente não conseguia aplicar a mais elementar delas. Assim, estando o sujeito no plural, por exemplo, mesmo na ordem direta, era impossível para ela levar o verbo para o plural. Isso no convívio quase diário da sala de aula comigo e os colegas.
Devo dizer a vocês que esse caso me marcou. Mesmo levando em conta a força desfavorável do ambiente doméstico da menina ao uso do padrão linguístico, percebi que, como professora, precisava fazer alguma coisa para tornar a norma culta do português mais acessível a ela e a todos os outros alunos. Isso tudo sem desrespeitar o universo de cada um.
Essa história toda me veio à lembrança agora, quando se discute no país inteiro o livro Por uma vida melhor, ou o capítulo dele que supostamente defende o que se convencionou chamar de erros de português. O assunto já foi tratado com muita propriedade pelo Rosalvo aqui mesmo no JL da edição passada, no entanto, em atendimento a uma sugestão da direção do jornal, entro no mérito dessa questão.
Começo dizendo que não conheço o citado livro, mas conheço de sobra essa discussão, que nem é nova. Já há um bom tempo os conceitos de adequação e inadequação da linguagem substituíram o simplismo do certo e do errado nas aulas de português. Sabe-se que toda língua é um conjunto de variedades. Sendo assim, tomando por base os trechos da obra destacados pela mídia, vejo coerência no posicionamento da autora. Quando afirma que o falante tem de ser capaz de usar a variante adequada da língua para cada ocasião, ela tem toda razão. Quem é que informalmente não deixa de falar às vezes os livro, por exemplo?
Não se trata aqui de defender esse material didático. Percebo é um certo exagero na maneira como o assunto vem sendo tratado. Assassinato, massacre da língua portuguesa e inimigos de um bom português são apenas algumas das expressões que pincei de revistas e jornais como ilustração disso.
Em razão de tantos questionamentos sobre o ensino do português, como o que ocorre atualmente no Brasil, é preciso considerar que um bom profissional da área pode fazer toda a diferença. Constatar isso é afirmar que alunos bem orientados e preparados linguisticamente conseguem transitar com desenvoltura entre as mais diversas formas de comunicação verbal.
Sem negar a legitimidade das variantes que contrariam o que preconiza a norma culta, é necessário admitir a relevância do estudo formal da língua pátria, normalmente ministrado pelas instituições de ensino. Se grande parte delas falha nesse propósito, isso já comporta outras análises.
Voltando à discussão específica que deu origem à presente matéria, faço minhas as palavras de Cristovão Tezza, escritor e vencedor do prêmio Jabuti em 2008. Segundo Tezza,”não é função da escola controlar o que o aluno fala e sim dar a ele o domínio da língua escrita. À medida que ele vai consolidando a maneira como escreve, também vai mudando a estrutura da fala”.
E para terminar, é oportuno lembrar que existem questões muito mais sérias para atacar. Ou alguém julga aceitável, por exemplo, o analfabetismo funcional de tantos alunos em plena adolescência ou mesmo na fase adulta?
Havia Resende Costa no caminho
16 de Junho de 2011, por Regina Coelho 0
Meu querido e saudoso pai gostava de dizer que lugar bom de viver é onde a gente ganha dinheiro. Falava isso entre nós, por convicção própria e como forma de encorajamento, sempre que alguém da família se mudava de Resende Costa por motivo de trabalho. Pela mesma ótica, mas seguindo sentido contrário, aqueles que aqui chegavam para morar e trabalhar estavam vindo para um bom lugar.
Gostar da terra natal é quase uma consequência natural, principalmente quando a gente também vive nela por um tempo ou o tempo todo. Diferente disso é adotar uma outra terra. E se os nascidos em Resende Costa se orgulham, na maioria das vezes, dessa sua condição, o que dizer dos que adotaram nossa cidade? E quem são eles? Certamente alguns de nossos vizinhos ou colegas de trabalho ou mesmo pais de amigos nossos. Ou simplesmente conhecidos ou não. De qualquer forma, são pessoas na vida de quem havia Resende Costa no caminho, para muitos, ao que parece, havia mesmo o destino definitivo. Falo de gente como a dona Edite do Beú e o Toninho da Cemig, entre tantos outros filhos adotivos da cidade.
Edite Morais Resende, 77 anos, é natural de Itaguara (MG) e chegou a Resende Costa em 1955, mudando-se para cá por haver se casado com um resende-costense (o Zé Beú do Nico Resende). Ao conhecer a cidade, foi logo gostando do lugar, pois revela ter sido bem recebida aqui. “A cidade era pequena, mas o povo era hospitaleiro e me senti em casa”, afirma a dona de casa, que também lecionou no então Grupo Escolar Assis Resende, atual Escola Estadual Assis Resende.
Diferentemente de dona Edite, o funcionário Antônio do Nascimento Ferreira já conhecia Resende Costa porque já tinha vindo aqui a trabalho pela CEMIG, ajudando o colega Malta. O 1º de março de 1966 ficou marcado como o dia em que ele aqui se estabeleceu, tendo vindo sozinho, de ônibus e transferido de Nova Era. “Já gostava de Resende Costa, uma cidade muito tranquila”, comenta o hoje aposentado eletricista, 71 anos.
Indagados sobre o que a cidade tem de melhor, dona Edite afirma ser o trabalho de artesanato porque dá emprego a várias pessoas. Antônio acha que Resende Costa continua sendo tranquila e também fica perto de São João del-Rei, sua terra de origem e onde reside sua família. Para ela o que há de pior aqui é a falta de lazer para crianças, jovens e adultos. Ele não vê nada de que não goste na cidade. Também não tem vontade de se mudar daqui um dia, pois já se considera um resende-costense e os filhos moram aqui. Dona Edite, da mesma forma, não se mudaria de Resende Costa, onde já se acostumou a viver e tem muitas amizades.
E o que a cidade representa para eles hoje?
Um lugar especial, como se eu tivesse nascido aqui, pois foi onde eduquei os meus filhos. E os que moram fora gostam de estar aqui sempre que podem. (Edite)
Quando aqui cheguei, Resende Costa era uma cidade bem pequena. Trabalhava sozinho, não tinha carro de trabalho, era tudo mais difícil. Aqui me casei, tive seis filhos e hoje tenho aqui meu lar. Adotei Resende Costa e fui adotado pela população daqui. Quem não conhece o Toninho da Cemig? Não passa pela minha cabeça sair daqui jamais, nem mesmo quando morrer. Passei a maior parte da minha vida aqui e hoje me considero resende-costense de coração. (Antônio)
Dos inconfidentes José de Resende Costa (pai e filho) às novíssimas gerações, Resende Costa é terra querida de todos que fazem dela um lugar sempre melhor de viver. Nascidos aqui ou chegados, somos resende-costenses de fato e de direito quando assumimos como nossa a quase centenária cidade das lajes e dos teares.
Registro aqui com alegria a homenagem da coluna a Resende Costa ao ensejo de seus 99 anos de emancipação política.
Em tempo- Ter escolhido dona Edite e o Toninho da Cemig como representantes dos resende-costenses adotivos significa dizer que, além do mérito pessoal, eles possuem, cada um a seu modo, uma longa e definitiva história de amor com Resende.
Gostar da terra natal é quase uma consequência natural, principalmente quando a gente também vive nela por um tempo ou o tempo todo. Diferente disso é adotar uma outra terra. E se os nascidos em Resende Costa se orgulham, na maioria das vezes, dessa sua condição, o que dizer dos que adotaram nossa cidade? E quem são eles? Certamente alguns de nossos vizinhos ou colegas de trabalho ou mesmo pais de amigos nossos. Ou simplesmente conhecidos ou não. De qualquer forma, são pessoas na vida de quem havia Resende Costa no caminho, para muitos, ao que parece, havia mesmo o destino definitivo. Falo de gente como a dona Edite do Beú e o Toninho da Cemig, entre tantos outros filhos adotivos da cidade.
Edite Morais Resende, 77 anos, é natural de Itaguara (MG) e chegou a Resende Costa em 1955, mudando-se para cá por haver se casado com um resende-costense (o Zé Beú do Nico Resende). Ao conhecer a cidade, foi logo gostando do lugar, pois revela ter sido bem recebida aqui. “A cidade era pequena, mas o povo era hospitaleiro e me senti em casa”, afirma a dona de casa, que também lecionou no então Grupo Escolar Assis Resende, atual Escola Estadual Assis Resende.
Diferentemente de dona Edite, o funcionário Antônio do Nascimento Ferreira já conhecia Resende Costa porque já tinha vindo aqui a trabalho pela CEMIG, ajudando o colega Malta. O 1º de março de 1966 ficou marcado como o dia em que ele aqui se estabeleceu, tendo vindo sozinho, de ônibus e transferido de Nova Era. “Já gostava de Resende Costa, uma cidade muito tranquila”, comenta o hoje aposentado eletricista, 71 anos.
Indagados sobre o que a cidade tem de melhor, dona Edite afirma ser o trabalho de artesanato porque dá emprego a várias pessoas. Antônio acha que Resende Costa continua sendo tranquila e também fica perto de São João del-Rei, sua terra de origem e onde reside sua família. Para ela o que há de pior aqui é a falta de lazer para crianças, jovens e adultos. Ele não vê nada de que não goste na cidade. Também não tem vontade de se mudar daqui um dia, pois já se considera um resende-costense e os filhos moram aqui. Dona Edite, da mesma forma, não se mudaria de Resende Costa, onde já se acostumou a viver e tem muitas amizades.
E o que a cidade representa para eles hoje?
Um lugar especial, como se eu tivesse nascido aqui, pois foi onde eduquei os meus filhos. E os que moram fora gostam de estar aqui sempre que podem. (Edite)
Quando aqui cheguei, Resende Costa era uma cidade bem pequena. Trabalhava sozinho, não tinha carro de trabalho, era tudo mais difícil. Aqui me casei, tive seis filhos e hoje tenho aqui meu lar. Adotei Resende Costa e fui adotado pela população daqui. Quem não conhece o Toninho da Cemig? Não passa pela minha cabeça sair daqui jamais, nem mesmo quando morrer. Passei a maior parte da minha vida aqui e hoje me considero resende-costense de coração. (Antônio)
Dos inconfidentes José de Resende Costa (pai e filho) às novíssimas gerações, Resende Costa é terra querida de todos que fazem dela um lugar sempre melhor de viver. Nascidos aqui ou chegados, somos resende-costenses de fato e de direito quando assumimos como nossa a quase centenária cidade das lajes e dos teares.
Registro aqui com alegria a homenagem da coluna a Resende Costa ao ensejo de seus 99 anos de emancipação política.
Em tempo- Ter escolhido dona Edite e o Toninho da Cemig como representantes dos resende-costenses adotivos significa dizer que, além do mérito pessoal, eles possuem, cada um a seu modo, uma longa e definitiva história de amor com Resende.