Tempos de campanha
11 de Outubro de 2008, por Regina Coelho 0
Quando você, leitor(a), estiver lendo este artigo, nós já seremos conhecedores dos candidatos vitoriosos nas eleições municipais deste ano. Parabéns a eles e, principalmente, um bom trabalho a todos. Quero voltar, no entanto, à época das campanhas para falar dos candidatos, ou melhor, da árdua batalha que eles precisam empreender em busca do precioso voto.
Ah, os candidatos! Que situação difícil deve ser a deles! Tudo começa quando a pessoa é oficialmente lançada para defender seu partido e seu número ou nome de guerra, ressaltando-se que há aquelas que saem na frente, precipitadamente autoproclamando-se candidatas a isso ou àquilo.
Bem, candidato que se preze vai à luta, ou seja, vai atrás dos votos que o elegerão. E é aí que as coisas se complicam porque, tirando a família (e olhe lá, nem sempre!), as pessoas comprometidas com os seus partidos e as simpatizantes dos mesmos, do outro lado estão os eleitores indecisos que querem ou não ser conquistados ou convencidos pelo coitado do candidato.
E o que faz ele? Se é simpático, cumprimenta todo mundo ou ri para todos, podem dizer que ele não é assim e só está agindo dessa forma com segundas intenções, o voto do eleitor, é claro. Se o candidato se retrai e não lhe pede o tão cobiçado voto, é antipático, fez pouco dele. Votar nele? Nem pensar!
Ah, os eleitores! O que a democracia do voto faz igualando todos os votantes no dia da votação, a campanha eleitoral, enquanto em andamento, de certa forma desfaz. Como que colocado na berlinda, disputadíssimo, o eleitor procura se valorizar ainda mais. Afinal de contas, o poder de decisão está em suas mãos.
E o que faz ele? Em meio a tantos candidatos a vereador, por exemplo (em Resende Costa foram cinqüenta e seis), há quem não veja um único que seja merecedor de ser votado por ele. Há quem afirme votar só naquele que lhe fizer uma visita em casa para o tal pedido do voto. E há o pior, que é a venda (ou a compra, como queira) do voto. Nesse caso, eleitor e candidato se merecem.
Voltando às campanhas propriamente, não posso deixar de comentar sobre o que foi visto e ouvido pela tevê e pelo rádio na forma do horário eleitoral gratuito e obrigatório e nas inserções ao longo da programação desses veículos de comunicação, tudo em conformidade com a legislação em vigor no país.
Aquilo que muitos consideram uma chatice ou mesmo um programa de humor pode render algumas constatações no mínimo interessantes. Vejamos!
Fica claro que leva vantagem quem tem bom domínio da palavra, possui texto bem articulado, sendo simples e objetivo. Aí pode morar o perigo, ou não. Se o sujeito se julga superior aos outros e tenta desqualificar os adversários, ninguém agüenta. Só ele é honesto, ético e capaz, como se isso fosse monopólio dele ou de seu partido. Conquistar através do apelo emocional é outra estratégia utilizada por muitos. Evocar a origem humilde (ou ter passado fome) pode provocar identificação com muita gente, aquela que vota, é claro. Declarar-se religioso ou defensor das minorias também. Espantoso ainda é ver candidato desconhecer atribuições do cargo que deseja assumir. E então promete o que não pode cumprir, mesmo querendo.
Isso tudo agora já é passado, por enquanto, pois 2010 vem aí e de novo candidatos e eleitores vão se encontrar. Novas eleições, caras desconhecidas, outras nem tanto, muitas manjadíssimas. Pode parecer que não, mas outra campanha já começou.
ÀS MESTRAS, COM CARINHO
Muita gente não sabe que existe uma semana em outubro denominada, no meio estudantil, de “Semana do Saco Cheio”, não sei exatamente por que, no entanto a gente imagina. Proximidade do final de ano escolar, estudantes e professores estressados e o dia 15 assinalando como a data dedicada ao professor. Uma desacelerada nos estudos é tudo o que se quer nesses dias.
Não pretendo falar sobre a importância dos profissionais da educação, muito menos do processo educacional no país. Chega de tanto discurso! Nem há tanto a comemorar assim, apesar de alguns reconhecidos e consideráveis avanços nessa área.
Quero mesmo é me permitir lembrar minhas três professoras primárias: a Lucinha do Goes, a dona Sílvia (na verdade, Antônia Silva) e a Ieda Melo, pessoas fundamentais no meu tempo de aluna do Conjurados. Tive a sorte de ser muito bem encaminhada por elas. Tenho a alegria de poder abraçá-las ainda hoje. De estilo e temperamento tão diferentes, as três souberam se fazer inesquecíveis para mim.
TRÂNSITO LEGAL
Dizem que o órgão mais sensível do ser humano é o bolso. Brincadeiras à parte, multas, taxas e impostos mexem mesmo com qualquer um. No trânsito então, a situação é exemplar. Certas posturas, como o uso do cinto de segurança (só para ilustrar), costumam ser adotadas apenas pela obrigatoriedade imposta pela lei, que muitas vezes prevê como punição ao infrator da mesma o pagamento em dinheiro, ou melhor, a temida multa.
Essa é a nossa realidade. Nada impede, entretanto, que sejam promovidas campanhas educativas como as que se vêem por aí. Melhor seria se só elas bastassem. Não é o caso.
Em se tratando de iniciativas voltadas para a sensibilização das pessoas nesse aspecto, é importante destacar a recente campanha da Polícia Militar intitulada: “Semana Nacional do Trânsito”. O conteúdo de uma das frases espalhadas por nossa cidade traduz o essencial: “CORTESIA, PRUDÊNCIA E EDUCAÇÃO TORNAM O TRÂNSITO MAIS HUMANO E SEGURO”. É isso aí.
Ah, os candidatos! Que situação difícil deve ser a deles! Tudo começa quando a pessoa é oficialmente lançada para defender seu partido e seu número ou nome de guerra, ressaltando-se que há aquelas que saem na frente, precipitadamente autoproclamando-se candidatas a isso ou àquilo.
Bem, candidato que se preze vai à luta, ou seja, vai atrás dos votos que o elegerão. E é aí que as coisas se complicam porque, tirando a família (e olhe lá, nem sempre!), as pessoas comprometidas com os seus partidos e as simpatizantes dos mesmos, do outro lado estão os eleitores indecisos que querem ou não ser conquistados ou convencidos pelo coitado do candidato.
E o que faz ele? Se é simpático, cumprimenta todo mundo ou ri para todos, podem dizer que ele não é assim e só está agindo dessa forma com segundas intenções, o voto do eleitor, é claro. Se o candidato se retrai e não lhe pede o tão cobiçado voto, é antipático, fez pouco dele. Votar nele? Nem pensar!
Ah, os eleitores! O que a democracia do voto faz igualando todos os votantes no dia da votação, a campanha eleitoral, enquanto em andamento, de certa forma desfaz. Como que colocado na berlinda, disputadíssimo, o eleitor procura se valorizar ainda mais. Afinal de contas, o poder de decisão está em suas mãos.
E o que faz ele? Em meio a tantos candidatos a vereador, por exemplo (em Resende Costa foram cinqüenta e seis), há quem não veja um único que seja merecedor de ser votado por ele. Há quem afirme votar só naquele que lhe fizer uma visita em casa para o tal pedido do voto. E há o pior, que é a venda (ou a compra, como queira) do voto. Nesse caso, eleitor e candidato se merecem.
Voltando às campanhas propriamente, não posso deixar de comentar sobre o que foi visto e ouvido pela tevê e pelo rádio na forma do horário eleitoral gratuito e obrigatório e nas inserções ao longo da programação desses veículos de comunicação, tudo em conformidade com a legislação em vigor no país.
Aquilo que muitos consideram uma chatice ou mesmo um programa de humor pode render algumas constatações no mínimo interessantes. Vejamos!
Fica claro que leva vantagem quem tem bom domínio da palavra, possui texto bem articulado, sendo simples e objetivo. Aí pode morar o perigo, ou não. Se o sujeito se julga superior aos outros e tenta desqualificar os adversários, ninguém agüenta. Só ele é honesto, ético e capaz, como se isso fosse monopólio dele ou de seu partido. Conquistar através do apelo emocional é outra estratégia utilizada por muitos. Evocar a origem humilde (ou ter passado fome) pode provocar identificação com muita gente, aquela que vota, é claro. Declarar-se religioso ou defensor das minorias também. Espantoso ainda é ver candidato desconhecer atribuições do cargo que deseja assumir. E então promete o que não pode cumprir, mesmo querendo.
Isso tudo agora já é passado, por enquanto, pois 2010 vem aí e de novo candidatos e eleitores vão se encontrar. Novas eleições, caras desconhecidas, outras nem tanto, muitas manjadíssimas. Pode parecer que não, mas outra campanha já começou.
ÀS MESTRAS, COM CARINHO
Muita gente não sabe que existe uma semana em outubro denominada, no meio estudantil, de “Semana do Saco Cheio”, não sei exatamente por que, no entanto a gente imagina. Proximidade do final de ano escolar, estudantes e professores estressados e o dia 15 assinalando como a data dedicada ao professor. Uma desacelerada nos estudos é tudo o que se quer nesses dias.
Não pretendo falar sobre a importância dos profissionais da educação, muito menos do processo educacional no país. Chega de tanto discurso! Nem há tanto a comemorar assim, apesar de alguns reconhecidos e consideráveis avanços nessa área.
Quero mesmo é me permitir lembrar minhas três professoras primárias: a Lucinha do Goes, a dona Sílvia (na verdade, Antônia Silva) e a Ieda Melo, pessoas fundamentais no meu tempo de aluna do Conjurados. Tive a sorte de ser muito bem encaminhada por elas. Tenho a alegria de poder abraçá-las ainda hoje. De estilo e temperamento tão diferentes, as três souberam se fazer inesquecíveis para mim.
TRÂNSITO LEGAL
Dizem que o órgão mais sensível do ser humano é o bolso. Brincadeiras à parte, multas, taxas e impostos mexem mesmo com qualquer um. No trânsito então, a situação é exemplar. Certas posturas, como o uso do cinto de segurança (só para ilustrar), costumam ser adotadas apenas pela obrigatoriedade imposta pela lei, que muitas vezes prevê como punição ao infrator da mesma o pagamento em dinheiro, ou melhor, a temida multa.
Essa é a nossa realidade. Nada impede, entretanto, que sejam promovidas campanhas educativas como as que se vêem por aí. Melhor seria se só elas bastassem. Não é o caso.
Em se tratando de iniciativas voltadas para a sensibilização das pessoas nesse aspecto, é importante destacar a recente campanha da Polícia Militar intitulada: “Semana Nacional do Trânsito”. O conteúdo de uma das frases espalhadas por nossa cidade traduz o essencial: “CORTESIA, PRUDÊNCIA E EDUCAÇÃO TORNAM O TRÂNSITO MAIS HUMANO E SEGURO”. É isso aí.
Pequenos notáveis
08 de Setembro de 2008, por Regina Coelho 0
Revelada pelo apresentador Raul Gil em um quadro de seu programa de sábado, exibido pela Band, a garotinha Maísa Silva é hoje um sucesso no SBT. A menina já vinha chamando a atenção de muita gente pela impressionante espontaneidade e igual desenvoltura frente às câmeras. E Sílvio Santos, com seu faro inconfundível para empreendimentos bem-sucedidos, viu em Maísa um talento a ser explorado, apostando nela como uma das atrações de sua emissora.
Seis anos de idade, carinha sapeca e uma vivacidade espantosa, a pequena estrela é, de fato, encantadora. E o que ela faz? Apresenta o “Sábado Animado”, programa infantil por meio do qual interage com quem telefona para participar de joguinhos e outras disputas. Aos domingos, ela brilha ao lado do “patrão” no “Pergunte pra Maísa”, uma série de perguntas variadas respondidas prontamente pela garota, ao que parece, de forma livre, e, sem dúvida, com muita presença de espírito e inteligência.
O talento precoce de Maísa faz lembrar o de outras crianças-prodígio. Uma delas é Shirley Temple, artista mirim que brilhou em Hollywood na década de 30. A menina que conquistou o mundo cantando, dançando e atuando transformou-se numa elegante senhora, atualmente contando 80 anos. A mídia brasileira tem afirmado que Sílvio Santos se inspira nela para fazer de Maísa uma nova Shirley Temple. Será? Os cabelos da brasileirinha e suas roupas bem comportadas parecem confirmar a intenção do apresentador. É esperar para ver.
Um outro caso de precocidade artística envolve a figura de ninguém menos que Wolfgang Amadeus Mozart, o genial compositor clássico nascido na Áustria, em 1756. Segundo consta em sua biografia, aos 3 anos de idade, ele já conseguia tirar melodias do cravo e chorava quando alguém tocava alto demais. Aos 4 anos, já tocava violino e cravo de forma tão fluente quanto uma criança com o triplo de sua idade e de tempo de estudos musicais. Aos 12 anos, já era considerado compositor de altíssima qualidade.
Por uma questão de justiça, não pode faltar aqui o nome do mineiro de Boa Esperança, o pianista Nélson Freire, que com apenas 3 anos, tocava, de memória, pequenas peças. O primeiro recital, realizado quando ele tinha 8 anos, foi uma homenagem a Mozart. Freire contava 12 anos quando participou do “Concurso Internacional de Piano do Rio de Janeiro”, obtendo a sétima colocação. A façanha do então garoto lhe valeu uma bolsa de estudos oferecida pelo governo do presidente Juscelino Kubitschek para estudar em Viena. E sua carreira deslanchou. Nelson Freire é hoje uma unanimidade internacional, para nosso orgulho brasileiro. A propósito, o documentário de João Moreira Salles, realizado em 2003, denominado “Nélson Freire”
, é uma boa oportunidade de conhecer mais sobre a obra desse excepcional artista.
Evidentemente, há inúmeras histórias de crianças que se revelam precoces nas artes e em outras áreas do conhecimento. Alcançando a maturidade, muitas dessas pessoas confirmam a fama e/ou o talento; há aquelas (em número expressivo) que simplesmente somem do noticiário ou tomam um outro rumo na vida; há também aquelas que só sabem viver das glórias do passado. Mas isso já é assunto para um outro artigo.
DESBRAVANDO O TEXTO
Mesmo distante das salas de aula, mantenho o interesse pelo estudo da língua portuguesa. Assim, aproveito a oportunidade para repassar a vestibulandos, concurseiros, estudantes em geral ou simplesmente leitores, texto de Dad Squarisi publicado em sua coluna “Dicas de Português”, do Estado de Minas, e por mim adaptado. Confiram abaixo!
Interpretar texto é treino
Como exercitar a compreensão de texto? Lendo. A leitura é sempre útil e proveitosa, mas ler com o objetivo de preparar-se para prova requer certo ritual. Siga estes passos:
1. Faça uma leitura panorâmica do texto – No primeiro contato, capte o assunto. Do que trata o escrito? Das eleições? Inflação? Condomínios? Orçamento?
2. Explore o vocabulário – Volte ao texto. Desta vez com lápis na mão para sublinhar as palavras de significado desconhecido ou pouco claro. Localize-as no dicionário. Cuidado. Você tem de encontrar o vocábulo mais adequado ao sentido da frase. Analise o enunciado. Depois, procure substituir a palavra assinalada pelos significados que lhe são atribuídos. Escolha o que traduz melhor o recado.
3. Faça a leitura compreensiva – Conhecido o vocabulário, você está apto a captar o plano de desenvolvimento do texto: a forma como o autor organizou as idéias. Elas obedecem a uma hierarquia. Há o general, os coronéis, os majores e os sargentos.
É o general – a idéia principal – que traça a estratégia do texto. Ela se destaca e está presente ao longo da leitura. As idéias secundárias (os coronéis, majores, sargentos, que no texto aparecem como causas, conseqüências, exemplos, comparações) só fazem sustentar o general.
O texto tem introdução, desenvolvimento e conclusão. Em outras palavras: começo, meio e fim. Leia com cuidado a introdução (em geral o primeiro parágrafo) e a conclusão a confirma.
Os outros parágrafos (do desenvolvimento) trazem as idéias secundárias. Cada um só tem uma, em geral expressa na primeira frase. Sublinhe-a. Depois pergunte-se: o que ela tem a ver com a idéia central? É uma causa? Conseqüência? Exemplo? Comparação?
Volte ao texto e releia-o cuidadosamente. Você é capaz, agora, de “conversar” sobre ele: dizer o ponto de vista que o autor defende e os argumentos utilizados por ele para convencer o leitor. Pode, também, questionar-se: ele tem razão? Concordo com tudo que ele disse? Por quê? O que eu acho a respeito do assunto?
Exercite um texto por dia. Ler é habilidade, como nadar, esculpir ou escrever. Com o treinamento, você lerá melhor e se sentirá mais seguro na hora da prova. Comece já.
NOVIDADE
Tenho visto pela cidade anúncio sobre a criação de um centro de instrução de futsal em Resende Costa. Li também todo o material envolvendo o projeto do João Vitor e do Alex Rodrigo, dois jovens apaixonados pelo esporte. Gostei muito da idéia que eles vão começar a colocar em prática agora em setembro. Torço para que tudo dê certo. Em tempos de sedentarismo infanto-juvenil provocado pela tecnologia do computador, vídeo-game e da televisão, nada como uma atividade física bem dosada. Alias, para todos.
É bom lembrar que os alunos serão divididos nas seguintes categorias: Chupetinha, Fraldinha, Pré-Mirim e Mirim. Quanto às atividades do Galaxy, o espaço é a Kaessy. Boa sorte, meninos!
Seis anos de idade, carinha sapeca e uma vivacidade espantosa, a pequena estrela é, de fato, encantadora. E o que ela faz? Apresenta o “Sábado Animado”, programa infantil por meio do qual interage com quem telefona para participar de joguinhos e outras disputas. Aos domingos, ela brilha ao lado do “patrão” no “Pergunte pra Maísa”, uma série de perguntas variadas respondidas prontamente pela garota, ao que parece, de forma livre, e, sem dúvida, com muita presença de espírito e inteligência.
O talento precoce de Maísa faz lembrar o de outras crianças-prodígio. Uma delas é Shirley Temple, artista mirim que brilhou em Hollywood na década de 30. A menina que conquistou o mundo cantando, dançando e atuando transformou-se numa elegante senhora, atualmente contando 80 anos. A mídia brasileira tem afirmado que Sílvio Santos se inspira nela para fazer de Maísa uma nova Shirley Temple. Será? Os cabelos da brasileirinha e suas roupas bem comportadas parecem confirmar a intenção do apresentador. É esperar para ver.
Um outro caso de precocidade artística envolve a figura de ninguém menos que Wolfgang Amadeus Mozart, o genial compositor clássico nascido na Áustria, em 1756. Segundo consta em sua biografia, aos 3 anos de idade, ele já conseguia tirar melodias do cravo e chorava quando alguém tocava alto demais. Aos 4 anos, já tocava violino e cravo de forma tão fluente quanto uma criança com o triplo de sua idade e de tempo de estudos musicais. Aos 12 anos, já era considerado compositor de altíssima qualidade.
Por uma questão de justiça, não pode faltar aqui o nome do mineiro de Boa Esperança, o pianista Nélson Freire, que com apenas 3 anos, tocava, de memória, pequenas peças. O primeiro recital, realizado quando ele tinha 8 anos, foi uma homenagem a Mozart. Freire contava 12 anos quando participou do “Concurso Internacional de Piano do Rio de Janeiro”, obtendo a sétima colocação. A façanha do então garoto lhe valeu uma bolsa de estudos oferecida pelo governo do presidente Juscelino Kubitschek para estudar em Viena. E sua carreira deslanchou. Nelson Freire é hoje uma unanimidade internacional, para nosso orgulho brasileiro. A propósito, o documentário de João Moreira Salles, realizado em 2003, denominado “Nélson Freire”
, é uma boa oportunidade de conhecer mais sobre a obra desse excepcional artista.
Evidentemente, há inúmeras histórias de crianças que se revelam precoces nas artes e em outras áreas do conhecimento. Alcançando a maturidade, muitas dessas pessoas confirmam a fama e/ou o talento; há aquelas (em número expressivo) que simplesmente somem do noticiário ou tomam um outro rumo na vida; há também aquelas que só sabem viver das glórias do passado. Mas isso já é assunto para um outro artigo.
DESBRAVANDO O TEXTO
Mesmo distante das salas de aula, mantenho o interesse pelo estudo da língua portuguesa. Assim, aproveito a oportunidade para repassar a vestibulandos, concurseiros, estudantes em geral ou simplesmente leitores, texto de Dad Squarisi publicado em sua coluna “Dicas de Português”, do Estado de Minas, e por mim adaptado. Confiram abaixo!
Interpretar texto é treino
Como exercitar a compreensão de texto? Lendo. A leitura é sempre útil e proveitosa, mas ler com o objetivo de preparar-se para prova requer certo ritual. Siga estes passos:
1. Faça uma leitura panorâmica do texto – No primeiro contato, capte o assunto. Do que trata o escrito? Das eleições? Inflação? Condomínios? Orçamento?
2. Explore o vocabulário – Volte ao texto. Desta vez com lápis na mão para sublinhar as palavras de significado desconhecido ou pouco claro. Localize-as no dicionário. Cuidado. Você tem de encontrar o vocábulo mais adequado ao sentido da frase. Analise o enunciado. Depois, procure substituir a palavra assinalada pelos significados que lhe são atribuídos. Escolha o que traduz melhor o recado.
3. Faça a leitura compreensiva – Conhecido o vocabulário, você está apto a captar o plano de desenvolvimento do texto: a forma como o autor organizou as idéias. Elas obedecem a uma hierarquia. Há o general, os coronéis, os majores e os sargentos.
É o general – a idéia principal – que traça a estratégia do texto. Ela se destaca e está presente ao longo da leitura. As idéias secundárias (os coronéis, majores, sargentos, que no texto aparecem como causas, conseqüências, exemplos, comparações) só fazem sustentar o general.
O texto tem introdução, desenvolvimento e conclusão. Em outras palavras: começo, meio e fim. Leia com cuidado a introdução (em geral o primeiro parágrafo) e a conclusão a confirma.
Os outros parágrafos (do desenvolvimento) trazem as idéias secundárias. Cada um só tem uma, em geral expressa na primeira frase. Sublinhe-a. Depois pergunte-se: o que ela tem a ver com a idéia central? É uma causa? Conseqüência? Exemplo? Comparação?
Volte ao texto e releia-o cuidadosamente. Você é capaz, agora, de “conversar” sobre ele: dizer o ponto de vista que o autor defende e os argumentos utilizados por ele para convencer o leitor. Pode, também, questionar-se: ele tem razão? Concordo com tudo que ele disse? Por quê? O que eu acho a respeito do assunto?
Exercite um texto por dia. Ler é habilidade, como nadar, esculpir ou escrever. Com o treinamento, você lerá melhor e se sentirá mais seguro na hora da prova. Comece já.
NOVIDADE
Tenho visto pela cidade anúncio sobre a criação de um centro de instrução de futsal em Resende Costa. Li também todo o material envolvendo o projeto do João Vitor e do Alex Rodrigo, dois jovens apaixonados pelo esporte. Gostei muito da idéia que eles vão começar a colocar em prática agora em setembro. Torço para que tudo dê certo. Em tempos de sedentarismo infanto-juvenil provocado pela tecnologia do computador, vídeo-game e da televisão, nada como uma atividade física bem dosada. Alias, para todos.
É bom lembrar que os alunos serão divididos nas seguintes categorias: Chupetinha, Fraldinha, Pré-Mirim e Mirim. Quanto às atividades do Galaxy, o espaço é a Kaessy. Boa sorte, meninos!
Os nomes
12 de Agosto de 2008, por Regina Coelho 0
A escolha do nome para a criança que, muitas vezes, ainda não nasceu ou nem mesmo foi concebida quase sempre é feita com carinho por aqueles que podem consumir grande tempo na busca da melhor opção. Mas tudo isso é pessoal, envolvendo, portanto, gosto ou falta dele, vai se saber. Os critérios são muitos e vão do uso de um nome de família como homenagem a um ascendente querido ou ilustre, passando pela preferência por nome de santo, de artista ou de atleta de fama. Pode-se optar também por um nome estrangeiro ou aquele resultante da combinação de parte do nome da mãe e parte do nome do pai. Ainda há casos que são verdadeiras aberrações. Observe estas pérolas: “Oceano Atlântico Linhares”, “Na Ida Na Vinda Na Volta Pereira” ou “Restos Mortais de Catarina”.
Sobre isso bastante já se falou, mas o assunto é amplo, apresenta variáveis, o que pode render muita prosa interessante.
A existência dos homônimos, por exemplo, pode trazer embaraços para os seus donos. Afinal de contas, ter um nome igual a de um sujeito enrolado com a Justiça ou com outro tipo de problema pode levar a pessoa a ser confundida com o seu homônimo. E até que ela prove que não é a outra... Ainda que se trate de confusão envolvendo a identidade de alguém com a de um indivíduo “gente fina”, é confusão do mesmo jeito.
Uma outra curiosidade referente aos nomes das pessoas diz respeito a um grupo de anônimos carregando o peso de pessoas famosas. John Kennedy, Grace Kelly, Rui Barbosa, Marta Rocha e mesmo Adolf Hitler são alguns deles. Tive uma colega de faculdade com o “modestíssimo” nome de Elizabeth Taylor. Imagine só estar associada à imagem da hoje quase esquecida e septuagenária atriz inglesa, outrora famosa pela beleza, em que se destacavam os olhos violeta e a cabeleira negra. Os amantes do cinema, na certa, já puderam ver Liz Taylor vivendo papéis inesquecíveis como o de Cleópatra, poderosa rainha do Egito.
Voltando à questão onomástica, é interessante observar que há também casos de famosos que ganharam apelidos ou nomes de registro inspirados em criaturas igualmente famosas. Assim, o ex-nadador profissional brasileiro Fernando Scherer virou o Xuxa, provavelmente por sua semelhança física com a apresentadora da Globo. Já o lateral-esquerdo Roberto Carlos, que hoje atua no futebol turco, recebeu o nome que o consagrou nos gramados como uma homenagem do pai ao cantor homônimo, de quem ambos são fãs.
No reino animal, a situação é digna de algumas considerações. Começando pelos cães ferozes de grande porte, é quase inevitável que sejam chamados de Saddan, Nero, Átila e nomes de outros líderes que entraram para a História não exatamente por seus métodos pacifistas. Mas justiça seja feita. O simpático gorila Idi Amin, do Zoológico de Belo Horizonte, deve ter sido assim “batizado” só por causa de seu tipo físico avantajado, o que faz lembrar o sanguinário ex-presidente de Uganda. Impossível não citar o nome Napoleão, um dos preferidos para chamar aquele que dizem ser, com a minha discordante opinião, o melhor amigo do homem. Será que todo Napoleão é valente e audacioso como foi Napoleão Bonaparte? E como explicar a singeleza de nomes como Mimosa, Estrela, Esmeralda para tantas vacas que existem por aí?
Sejam óbvios, criativos, simples ou complicados, os nomes com os quais nos reconhecemos como pessoas são mesmo uma necessidade, mesmo nos dias de hoje, quando, infelizmente, somos cada vez mais identificados por números, senhas, certas combinações de signos e outras impessoalidades.
O NOME
Podemos gostar ou não do nome que escolheram para nós. Fato é que ele nos distingue tão logo nascemos e nos acompanha ao longo da vida, transformando-se em marca fortíssima. Tanto isso é verdade que a simples menção dele já nos aproxima de quem o chama.
Ninguém precisa ser psicólogo para saber que as pessoas gostam de ser tratadas pelo nome. Isso pessoaliza, valoriza a criatura que simplesmente cumprimentamos ou com quem convivemos. É claro que não somos obrigados a conhecer todo mundo pelo nome. Muito menos precisamos agir como alguns que nunca viram a cara da gente e perguntam “- Qual é o seu nome mesmo?” - e a pretexto de nos oferecer algum serviço, forçam uma intimidade que não existe e irrita, repetindo nosso nome exaustivamente.
Quanto aos apelidos, há quem os prefira aos verdadeiros nomes ou seja bem mais conhecido por eles. Não é mesmo Márcio Daniel de Souza, Geraldo Maia de Oliveira e José Geraldo de Oliveira? Ou melhor: Brizola, Pimpa e Menguele, três de nossos muitos resende-costenses cujos apelidos sufocam seus respectivos nomes.
OS NOMES
(Manuel Bandeira)
Duas vezes se morre:
Primeiro na carne, depois no nome.
A carne desaparece, o nome persiste mas
Esvaziando-se de seu casto conteúdo
__ Tantos gestos, palavras, silêncios __
Até que um dia sentimos,
Com uma pancada de espanto (ou de remorso?)
Que o nome querido já nos soa como os outros.
Santinha nunca foi para mim o diminutivo de Santa.
Nem Santa nunca foi para mim a mulher sem pecado.
Santinha eram dois olhos míopes, quatro incisivos claros à flor da boca.
Era a intuição rápida, o medo de tudo, um certo modo de dizer “ Meu Deus,
[valei-me”.
Adelaide não foi para mim Adelaide somente
Mas Cabeleira de Berenice, Inominata, Cassiopéia.
Adelaide hoje apenas substantivo próprio feminino.
Os epitáfios também se apagam, bem sei.
Mais lentamente, porém, do que as reminiscências
Na carne, menos inviolável do que a pedra dos túmulos.
Petrópolis, 28/02/1953
Sobre isso bastante já se falou, mas o assunto é amplo, apresenta variáveis, o que pode render muita prosa interessante.
A existência dos homônimos, por exemplo, pode trazer embaraços para os seus donos. Afinal de contas, ter um nome igual a de um sujeito enrolado com a Justiça ou com outro tipo de problema pode levar a pessoa a ser confundida com o seu homônimo. E até que ela prove que não é a outra... Ainda que se trate de confusão envolvendo a identidade de alguém com a de um indivíduo “gente fina”, é confusão do mesmo jeito.
Uma outra curiosidade referente aos nomes das pessoas diz respeito a um grupo de anônimos carregando o peso de pessoas famosas. John Kennedy, Grace Kelly, Rui Barbosa, Marta Rocha e mesmo Adolf Hitler são alguns deles. Tive uma colega de faculdade com o “modestíssimo” nome de Elizabeth Taylor. Imagine só estar associada à imagem da hoje quase esquecida e septuagenária atriz inglesa, outrora famosa pela beleza, em que se destacavam os olhos violeta e a cabeleira negra. Os amantes do cinema, na certa, já puderam ver Liz Taylor vivendo papéis inesquecíveis como o de Cleópatra, poderosa rainha do Egito.
Voltando à questão onomástica, é interessante observar que há também casos de famosos que ganharam apelidos ou nomes de registro inspirados em criaturas igualmente famosas. Assim, o ex-nadador profissional brasileiro Fernando Scherer virou o Xuxa, provavelmente por sua semelhança física com a apresentadora da Globo. Já o lateral-esquerdo Roberto Carlos, que hoje atua no futebol turco, recebeu o nome que o consagrou nos gramados como uma homenagem do pai ao cantor homônimo, de quem ambos são fãs.
No reino animal, a situação é digna de algumas considerações. Começando pelos cães ferozes de grande porte, é quase inevitável que sejam chamados de Saddan, Nero, Átila e nomes de outros líderes que entraram para a História não exatamente por seus métodos pacifistas. Mas justiça seja feita. O simpático gorila Idi Amin, do Zoológico de Belo Horizonte, deve ter sido assim “batizado” só por causa de seu tipo físico avantajado, o que faz lembrar o sanguinário ex-presidente de Uganda. Impossível não citar o nome Napoleão, um dos preferidos para chamar aquele que dizem ser, com a minha discordante opinião, o melhor amigo do homem. Será que todo Napoleão é valente e audacioso como foi Napoleão Bonaparte? E como explicar a singeleza de nomes como Mimosa, Estrela, Esmeralda para tantas vacas que existem por aí?
Sejam óbvios, criativos, simples ou complicados, os nomes com os quais nos reconhecemos como pessoas são mesmo uma necessidade, mesmo nos dias de hoje, quando, infelizmente, somos cada vez mais identificados por números, senhas, certas combinações de signos e outras impessoalidades.
O NOME
Podemos gostar ou não do nome que escolheram para nós. Fato é que ele nos distingue tão logo nascemos e nos acompanha ao longo da vida, transformando-se em marca fortíssima. Tanto isso é verdade que a simples menção dele já nos aproxima de quem o chama.
Ninguém precisa ser psicólogo para saber que as pessoas gostam de ser tratadas pelo nome. Isso pessoaliza, valoriza a criatura que simplesmente cumprimentamos ou com quem convivemos. É claro que não somos obrigados a conhecer todo mundo pelo nome. Muito menos precisamos agir como alguns que nunca viram a cara da gente e perguntam “- Qual é o seu nome mesmo?” - e a pretexto de nos oferecer algum serviço, forçam uma intimidade que não existe e irrita, repetindo nosso nome exaustivamente.
Quanto aos apelidos, há quem os prefira aos verdadeiros nomes ou seja bem mais conhecido por eles. Não é mesmo Márcio Daniel de Souza, Geraldo Maia de Oliveira e José Geraldo de Oliveira? Ou melhor: Brizola, Pimpa e Menguele, três de nossos muitos resende-costenses cujos apelidos sufocam seus respectivos nomes.
OS NOMES
(Manuel Bandeira)
Duas vezes se morre:
Primeiro na carne, depois no nome.
A carne desaparece, o nome persiste mas
Esvaziando-se de seu casto conteúdo
__ Tantos gestos, palavras, silêncios __
Até que um dia sentimos,
Com uma pancada de espanto (ou de remorso?)
Que o nome querido já nos soa como os outros.
Santinha nunca foi para mim o diminutivo de Santa.
Nem Santa nunca foi para mim a mulher sem pecado.
Santinha eram dois olhos míopes, quatro incisivos claros à flor da boca.
Era a intuição rápida, o medo de tudo, um certo modo de dizer “ Meu Deus,
[valei-me”.
Adelaide não foi para mim Adelaide somente
Mas Cabeleira de Berenice, Inominata, Cassiopéia.
Adelaide hoje apenas substantivo próprio feminino.
Os epitáfios também se apagam, bem sei.
Mais lentamente, porém, do que as reminiscências
Na carne, menos inviolável do que a pedra dos túmulos.
Petrópolis, 28/02/1953
Trocando em miúdos
05 de Julho de 2008, por Regina Coelho 0
Sempre me despertaram a atenção os chamados ditados populares. Penso mesmo que todos nós, numa ou noutra situação da vida, deles já lançamos mão. Sábios, engraçados ou mesmo preconceituosos são eles, como por exemplo: NEM TUDO O QUE RELUZ É OURO / JACARÉ QUE FICA PARADO VIRA BOLSA / JUNTAM-SE AS COMADRES, DESCOBREM-SE AS VERDADES. Quem nunca experimentou ilustrar ou reforçar uma idéia ou opinião com essas construções lingüísticas consagradas pelo uso? Exatamente por isso, viram clichês, chavões, frases desgastadas, daí a recomendação dos especialistas para que não sejam utilizados provérbios ou ditos populares nos textos dissertativos. A razão? Mal usados, eles podem empobrecer a redação, fazendo parecer que seu autor não tem criatividade, pois faz uso de formas de expressão muito batidas.
Deixando de lado esse aspecto, vamos dirigir o nosso olhar para as famosas e bem-humoradas frases de pára-choques de caminhão, verdadeiros painéis de publicidade onde reinam absolutas as mais variadas demonstrações de protesto, de religiosidade, de sentimentos de amor à vida e à família, enfim, uma autêntica filosofia das estradas. Obviamente, um dos temas mais recorrentes dessas frases diz respeito à rotina dos caminhoneiros nas estradas: SAIBA IR PARA PODER VOLTAR. EM CASA ALGUÉM REZA POR MIM. O CARINHO É O ÓLEO QUE LUBRIFICA AS ENGRENAGENS DA VIDA. ABAIXE O FAROL, EU NÃO PRECISO VER O CAMINHO PARA O CÉU. Há também aquelas que possuem boa dose de humor: POBRE É IGUAL PNEU VELHO, SÓ ANDA NA LONA. NÃO SOU DETETIVE, MAS ANDO NA PISTA. E outras que revelam uma certa descrença quanto aos nobres sentimentos da humanidade: AMOR, SÓ DE MÃE. AMIGO É COMO SOL, SÓ APARECE EM DIA BONITO. E ainda, não podem faltar referências à mulher, às vezes, na condição nada elogiosa de sogra. Veja: GOSTAR DE MULHER BONITA É HERANÇA DE MEU PAI. NÃO JULGUE UM LIVRO PELA CAPA NEM UMA MULHER PELO SORRISO. NO DIA QUE CHOVER MULHER QUERO UMA GOTEIRA NA MINHA CAMA. FELIZ FOI ADÃO QUE NÃO TEVE SOGRA NEM CAMINHÃO. Numa outra categoria, estão frases que são pura reflexão. Observe: DEUS DEU A VIDA PARA CADA UM CUIDAR DA SUA. NA BOCA DE QUEM É RUIM NINGUÉM PRESTA. NÃO ME INVEJE, TRABALHE.
Haja inspiração para a escolha da frase que o pára-choque de caminhão leva pelas estradas. Ela deve combinar com o condutor do veículo. E que se danem os eventuais erros de português: SE FERRADURA DESSE SORTE, BURRO NÃO PUCHAVA CARROÇA.
Haja inspiração também para a brincadeira nem sempre politicamente correta de inverter com outros termos o sentido de certos provérbios. Assim, QUEM RI POR ÚLTIMO É RETARDADO; QUEM CEDO MADRUGA FICA COM SONO O DIA TODO; QUEM ESPERA SEMPRE CANSA; OS ÚLTIMOS SERÃO DESCLASSIFICADOS OU NÃO DEIXE PARA FAZER AMANHÃ O QUE VOCÊ PODE FAZER DEPOIS DE AMANHÃ. E viva a nossa cultura popular!
O TEMPO COMO ALIADO
Nunca é tarde para aprender, certo? Depende. Se acreditarmos que “Papagaio velho não aprende a falar”, às vezes pensamos ser tarde para aprender ou fazer certas coisas. Dessa forma, deixamos de experimentar a sensação gostosa de andar de bicicleta ou de nadar, por exemplo; ou então deixamos de tentar um novo trabalho ou mesmo uma outra vida. Culpa da idade.
Felizmente, é possível, em muitas situações, contrariar a lógica do tempo na realização de um sonho ou na revelação de um talento. Desde a decisão corajosa e nunca tardia da volta aos bancos da escola até o reconhecimento público ao artista que surge na fase madura, os exemplos saltam aos olhos.
Nascido em Monte Carmelo, no Triangulo Mineiro, já maduro e deputado federal, Mário Palmério estreou na literatura aos 40 anos, com o seu “Vila dos Confins”, um marco do romance político brasileiro. Caso semelhante é o de Pedro Nava, que surgiu para o grande público aos 69 anos, com a publicação de “Baú de Ossos”, importante obra memorialística. E como não citar Cora Coralina, doceira de profissão e cuja poesia encantou Carlos Drummond de Andrade? A publicação de “Poemas dos Becos de Goiás e Estórias Mais”, seu primeiro livro, ocorreu quando a autora vivia seus 75 anos.
Na música, caso emblemático é o de Cartola, que só produziu seu primeiro álbum aos 65 anos, época em que já contabilizava diversas participações em gravações de outros artistas. Também Clementina de Jesus, que trabalhava como doméstica, só foi estrear nos palcos aos 62 anos. Impossível não mencionar também Helena Meirelles, violeira, cantora e compositora do Pantanal. Tendo sido lavadeira e benzedeira, Helena passou boa parte da vida tocando em bordéis, no Mato Grosso do Sul, mas sua primeira apresentação profissional se deu quando ela já contava 68 anos. A artista foi eleita em 1993 pela conceituada revista norte-americana “Guitar Player” uma das melhores instrumentistas do mundo.
Como se pode ver, a vida pode ser agradavelmente surpreendente, fato que por si mesmo mantém sempre aberta a possibilidade de belas realizações, em qualquer idade.
TORNEIO DE FUTEBOL X FESTIVAL DE INVERNO
Chega julho. A cidade se agita com a realização de mais um Torneio de Futebol de Salão, atualmente ocorrendo no Ginásio Poliesportivo Monsenhor Nélson. Evento tradicional do pobre calendário esportivo de Resende Costa, equipes da terra e de cidades vizinhas, na década de 80, já atraíam muita gente até a sede do Lajes Clube, local das primeiras edições do torneio.
Era a época dos Festivais de Inverno, promoção cultural do Movimento Raízes. O que muita gente não sabe é que havia uma certa incompatibilidade de horários (ou seria uma certa indiferença de alguns?) para que só os jogos tivessem público. E nem era necessário aquilo porque simplesmente competir com o futebol sempre foi impossível, visto ser ele verdadeira paixão popular no Brasil.
É lógico que os Festivais de Inverno não acontecem mais em Resende Costa por causa disso. Fico muito à vontade para dizer essas coisas porque já gostava de futebol naquela época e ainda hoje, quando posso, acompanho as competições aqui realizadas. Isso não me impede, porém, de lamentar a ausência de uma programação cultural mais consistente para a nossa cidade.
Deixando de lado esse aspecto, vamos dirigir o nosso olhar para as famosas e bem-humoradas frases de pára-choques de caminhão, verdadeiros painéis de publicidade onde reinam absolutas as mais variadas demonstrações de protesto, de religiosidade, de sentimentos de amor à vida e à família, enfim, uma autêntica filosofia das estradas. Obviamente, um dos temas mais recorrentes dessas frases diz respeito à rotina dos caminhoneiros nas estradas: SAIBA IR PARA PODER VOLTAR. EM CASA ALGUÉM REZA POR MIM. O CARINHO É O ÓLEO QUE LUBRIFICA AS ENGRENAGENS DA VIDA. ABAIXE O FAROL, EU NÃO PRECISO VER O CAMINHO PARA O CÉU. Há também aquelas que possuem boa dose de humor: POBRE É IGUAL PNEU VELHO, SÓ ANDA NA LONA. NÃO SOU DETETIVE, MAS ANDO NA PISTA. E outras que revelam uma certa descrença quanto aos nobres sentimentos da humanidade: AMOR, SÓ DE MÃE. AMIGO É COMO SOL, SÓ APARECE EM DIA BONITO. E ainda, não podem faltar referências à mulher, às vezes, na condição nada elogiosa de sogra. Veja: GOSTAR DE MULHER BONITA É HERANÇA DE MEU PAI. NÃO JULGUE UM LIVRO PELA CAPA NEM UMA MULHER PELO SORRISO. NO DIA QUE CHOVER MULHER QUERO UMA GOTEIRA NA MINHA CAMA. FELIZ FOI ADÃO QUE NÃO TEVE SOGRA NEM CAMINHÃO. Numa outra categoria, estão frases que são pura reflexão. Observe: DEUS DEU A VIDA PARA CADA UM CUIDAR DA SUA. NA BOCA DE QUEM É RUIM NINGUÉM PRESTA. NÃO ME INVEJE, TRABALHE.
Haja inspiração para a escolha da frase que o pára-choque de caminhão leva pelas estradas. Ela deve combinar com o condutor do veículo. E que se danem os eventuais erros de português: SE FERRADURA DESSE SORTE, BURRO NÃO PUCHAVA CARROÇA.
Haja inspiração também para a brincadeira nem sempre politicamente correta de inverter com outros termos o sentido de certos provérbios. Assim, QUEM RI POR ÚLTIMO É RETARDADO; QUEM CEDO MADRUGA FICA COM SONO O DIA TODO; QUEM ESPERA SEMPRE CANSA; OS ÚLTIMOS SERÃO DESCLASSIFICADOS OU NÃO DEIXE PARA FAZER AMANHÃ O QUE VOCÊ PODE FAZER DEPOIS DE AMANHÃ. E viva a nossa cultura popular!
O TEMPO COMO ALIADO
Nunca é tarde para aprender, certo? Depende. Se acreditarmos que “Papagaio velho não aprende a falar”, às vezes pensamos ser tarde para aprender ou fazer certas coisas. Dessa forma, deixamos de experimentar a sensação gostosa de andar de bicicleta ou de nadar, por exemplo; ou então deixamos de tentar um novo trabalho ou mesmo uma outra vida. Culpa da idade.
Felizmente, é possível, em muitas situações, contrariar a lógica do tempo na realização de um sonho ou na revelação de um talento. Desde a decisão corajosa e nunca tardia da volta aos bancos da escola até o reconhecimento público ao artista que surge na fase madura, os exemplos saltam aos olhos.
Nascido em Monte Carmelo, no Triangulo Mineiro, já maduro e deputado federal, Mário Palmério estreou na literatura aos 40 anos, com o seu “Vila dos Confins”, um marco do romance político brasileiro. Caso semelhante é o de Pedro Nava, que surgiu para o grande público aos 69 anos, com a publicação de “Baú de Ossos”, importante obra memorialística. E como não citar Cora Coralina, doceira de profissão e cuja poesia encantou Carlos Drummond de Andrade? A publicação de “Poemas dos Becos de Goiás e Estórias Mais”, seu primeiro livro, ocorreu quando a autora vivia seus 75 anos.
Na música, caso emblemático é o de Cartola, que só produziu seu primeiro álbum aos 65 anos, época em que já contabilizava diversas participações em gravações de outros artistas. Também Clementina de Jesus, que trabalhava como doméstica, só foi estrear nos palcos aos 62 anos. Impossível não mencionar também Helena Meirelles, violeira, cantora e compositora do Pantanal. Tendo sido lavadeira e benzedeira, Helena passou boa parte da vida tocando em bordéis, no Mato Grosso do Sul, mas sua primeira apresentação profissional se deu quando ela já contava 68 anos. A artista foi eleita em 1993 pela conceituada revista norte-americana “Guitar Player” uma das melhores instrumentistas do mundo.
Como se pode ver, a vida pode ser agradavelmente surpreendente, fato que por si mesmo mantém sempre aberta a possibilidade de belas realizações, em qualquer idade.
TORNEIO DE FUTEBOL X FESTIVAL DE INVERNO
Chega julho. A cidade se agita com a realização de mais um Torneio de Futebol de Salão, atualmente ocorrendo no Ginásio Poliesportivo Monsenhor Nélson. Evento tradicional do pobre calendário esportivo de Resende Costa, equipes da terra e de cidades vizinhas, na década de 80, já atraíam muita gente até a sede do Lajes Clube, local das primeiras edições do torneio.
Era a época dos Festivais de Inverno, promoção cultural do Movimento Raízes. O que muita gente não sabe é que havia uma certa incompatibilidade de horários (ou seria uma certa indiferença de alguns?) para que só os jogos tivessem público. E nem era necessário aquilo porque simplesmente competir com o futebol sempre foi impossível, visto ser ele verdadeira paixão popular no Brasil.
É lógico que os Festivais de Inverno não acontecem mais em Resende Costa por causa disso. Fico muito à vontade para dizer essas coisas porque já gostava de futebol naquela época e ainda hoje, quando posso, acompanho as competições aqui realizadas. Isso não me impede, porém, de lamentar a ausência de uma programação cultural mais consistente para a nossa cidade.
O lixo nosso de cada dia
07 de Junho de 2008, por Regina Coelho 0
Transformar em quê?
“A pergunta dirigida à irmã mais velha era despretensiosa, durante uma conversa simples de família: “o que era feito com o lixo no tempo em que não havia coleta nas cidades?” A resposta que veio do alto da experiência da irmã mais velha é que levou à reflexão: “Lixo, que lixo?” As famílias praticamente não produziam lixo. A que época eles estavam se referindo? À metade do século passado, provavelmente, ou seja, apenas algumas décadas atrás.
Lixo, que lixo? O leite da “vaquinha” pressupunha a devolução do litro que, lavado e desinfetado, voltava com o branco produto no dia seguinte. Isso nas capitais, porque no interior cada um levava sua “leiteira” até a esquina para pegar o leite medido na hora. O leite era da vaca, não era “de saquinho”, como dizem as crianças de hoje. Aliás, nem de saquinho é mais; agora, é “de caixinha”.
Para buscar o pão quentinho na padaria, cada um levava uma sacola impecavelmente limpa, de pano. A merenda dos meninos ia em vasilhas, muitas vezes de vidro, que deveriam voltar para casa incólumes, sob pena de punição. Tinha latas, como as de sardinha, que eram esfregadas no cimento para serem abertas. Viraram, depois, um vasinho, um enfeite ou eram, de certa maneira, recicladas em oficinas que faziam engenhosas vasilhas com os recipientes usados. O cigarro, que nem tinha filtro para ser jogado na natureza, era todo queimado.
Não valia deixar restos de alimento no prato, porque comensal, naquela época, não podia ter o olho maior que a barriga: o que era servido tinha que ser comido. Isso, certamente, diminuía a “sobra”, mas a que havia era utilizada para engordar porcos no quintal da própria casa ou na do vizinho. Era a “lavagem”, que consistia em restos de comida, cascas de abóbora e mandioca, água servida na cozinha etc e tal. Tudo o que podia ser dado aos porcos, menos pérolas, evidentemente. Sem contar que a “lavagem” era embalada em latas grandes, usadas até que, furadas e podres, não serviam para mais nada, não fosse a possibilidade de plantar um vaso, que agradecia os furinhos por onde saía o excesso de água.”
(...)
Pois é... Pegando carona no texto acima, que adorei, extraído da coluna “POIS É...”, de Mauricio Lara (ESTADO DE MINAS, caderno GERAIS), proponho, como acréscimo, que a gente recue um pouquinho no tempo para lembrar ou conhecer melhor como vivíamos já fazendo, por pura necessidade e bastante naturalidade, a tal reciclagem, hoje tão decantada. No quesito “merenda dos meninos”, havia os muito duráveis embornais (ou bornais) e guardanapos de pano. O café ou o suco eram levados em vidros aproveitados de embalagens de remédio. Sempre os mesmos vidros que, por sinal, também podiam ser vendidos para a farmácia, que os aproveitava para embalar novos remédios manipulados. As já surradas latas de banha ou de biscoito se transformavam em latas de assar quitandas, antecipando o surgimento, penso eu, dos populares tabuleiros de agora. E assim eram feitos ainda canecões, frigideiras, ...
A economia doméstica estava garantida como uma infinidade de recursos. Vejamos! As desgastadíssimas roupas dos maiores podiam ser reaproveitadas, ou melhor, recortadas para os menores. Lençóis e outros panos velhos, quando não viravam fraldas (ou tapinhas, pequenas peças de utilidade múltipla), eram cortados em tiras para as tecedeiras fazerem colchas. Cascas de laranja eram postas para secar e depois alimentavam o fogo do fogão a lenha; outros resíduos podiam ser jogados às galinhas, presença certa nos quintais, de onde se podia colher também o café. Claro, os grãos. E depois vinha aquele trabalho todo de transformá-los em pó. Vasilhas e talheres brilhando? Efeito infalível de uma boa porção de areia esfregada sobre as peças. Isso porque não se podia contar com as indefectíveis esponjas de aço de hoje, em compensação, também não havia o problema sobre o destino delas pós-uso. Mesmo a água, em tempos de banhos de bacia, servia depois para apagar a poeira.
Em matéria de abastecimento das casas, muita coisa vinha embalada em palha, dentro de resistentes balaios de bambu, como o queijo, por exemplo. Muitos levavam a mercadoria adquirida nos armazéns em sacos de pano ou de aniagem, sempre disponíveis para novas compras.
Pois é... “Não dá para voltar no tempo, porque a produção de lixo é marca indelével da modernidade”, concordamos todos com o colunista aqui citado. O mundo hoje é outro. É muita gente consumindo cada vez mais e acumulando lixo de toda ordem, parte dele de destinação complicada, como acontece com as pilhas, as baterias de celulares, as lâmpadas fluorescentes e os papéis metalizados ou plastificados. Não se trata de andar para trás, mas é fato que precisamos ser desenvolvidos também para encontrar soluções para o lixo nosso de cada dia.
P.S._Tive como parceira entusiasmada na produção desse texto minha mãe, a quem agradeço por muitas das informações aqui contidas.
ANIVERSÁRIO DE RESENDE COSTA
Levando em consideração que o cidadão habita o município, nele atuando e aí convivendo com seus pares, o país e os estados podem ser considerados meras abstrações. Não é novidade alguma dizer isso, mas é sempre oportuno lembrar que a cidade onde moramos é a nossa primeira e principal referência, e mais, é aquilo que fazemos dela.
Ao ensejo dos 96 anos de emancipação política de Resende Costa, é preciso reafirmar nosso propósito de levar adiante o projeto de construir nossa cidade a cada dia. Resende-costenses natos ou filhos carinhosamente adotados, queremos todos uma Resende Costa cada vez melhor. Não é o caso simplesmente de esperar e cobrar que as autoridades legalmente constituídas cumpram o seu papel. Isso é pouco. Atitudes simples e pessoais como o respeito ao patrimônio público, a convivência pacifica e a preservação do meio ambiente são alguns exemplos do que é possível fazer cotidianamente. E fazem toda a diferença.
O ano é de eleições municipais. É saudável, é democrático que seja assim. Elegeremos alguns de nós como representantes de todos. E os eleitos são o reflexo do que pensamos, e desejamos, são a nossa cara. A hora é agora. A quase centenária cidade do artesanato, das lajes e seu deslumbrante pôr-do-sol deve ser também o lugar da boa qualidade de vida para a nossa gente.
“A pergunta dirigida à irmã mais velha era despretensiosa, durante uma conversa simples de família: “o que era feito com o lixo no tempo em que não havia coleta nas cidades?” A resposta que veio do alto da experiência da irmã mais velha é que levou à reflexão: “Lixo, que lixo?” As famílias praticamente não produziam lixo. A que época eles estavam se referindo? À metade do século passado, provavelmente, ou seja, apenas algumas décadas atrás.
Lixo, que lixo? O leite da “vaquinha” pressupunha a devolução do litro que, lavado e desinfetado, voltava com o branco produto no dia seguinte. Isso nas capitais, porque no interior cada um levava sua “leiteira” até a esquina para pegar o leite medido na hora. O leite era da vaca, não era “de saquinho”, como dizem as crianças de hoje. Aliás, nem de saquinho é mais; agora, é “de caixinha”.
Para buscar o pão quentinho na padaria, cada um levava uma sacola impecavelmente limpa, de pano. A merenda dos meninos ia em vasilhas, muitas vezes de vidro, que deveriam voltar para casa incólumes, sob pena de punição. Tinha latas, como as de sardinha, que eram esfregadas no cimento para serem abertas. Viraram, depois, um vasinho, um enfeite ou eram, de certa maneira, recicladas em oficinas que faziam engenhosas vasilhas com os recipientes usados. O cigarro, que nem tinha filtro para ser jogado na natureza, era todo queimado.
Não valia deixar restos de alimento no prato, porque comensal, naquela época, não podia ter o olho maior que a barriga: o que era servido tinha que ser comido. Isso, certamente, diminuía a “sobra”, mas a que havia era utilizada para engordar porcos no quintal da própria casa ou na do vizinho. Era a “lavagem”, que consistia em restos de comida, cascas de abóbora e mandioca, água servida na cozinha etc e tal. Tudo o que podia ser dado aos porcos, menos pérolas, evidentemente. Sem contar que a “lavagem” era embalada em latas grandes, usadas até que, furadas e podres, não serviam para mais nada, não fosse a possibilidade de plantar um vaso, que agradecia os furinhos por onde saía o excesso de água.”
(...)
Pois é... Pegando carona no texto acima, que adorei, extraído da coluna “POIS É...”, de Mauricio Lara (ESTADO DE MINAS, caderno GERAIS), proponho, como acréscimo, que a gente recue um pouquinho no tempo para lembrar ou conhecer melhor como vivíamos já fazendo, por pura necessidade e bastante naturalidade, a tal reciclagem, hoje tão decantada. No quesito “merenda dos meninos”, havia os muito duráveis embornais (ou bornais) e guardanapos de pano. O café ou o suco eram levados em vidros aproveitados de embalagens de remédio. Sempre os mesmos vidros que, por sinal, também podiam ser vendidos para a farmácia, que os aproveitava para embalar novos remédios manipulados. As já surradas latas de banha ou de biscoito se transformavam em latas de assar quitandas, antecipando o surgimento, penso eu, dos populares tabuleiros de agora. E assim eram feitos ainda canecões, frigideiras, ...
A economia doméstica estava garantida como uma infinidade de recursos. Vejamos! As desgastadíssimas roupas dos maiores podiam ser reaproveitadas, ou melhor, recortadas para os menores. Lençóis e outros panos velhos, quando não viravam fraldas (ou tapinhas, pequenas peças de utilidade múltipla), eram cortados em tiras para as tecedeiras fazerem colchas. Cascas de laranja eram postas para secar e depois alimentavam o fogo do fogão a lenha; outros resíduos podiam ser jogados às galinhas, presença certa nos quintais, de onde se podia colher também o café. Claro, os grãos. E depois vinha aquele trabalho todo de transformá-los em pó. Vasilhas e talheres brilhando? Efeito infalível de uma boa porção de areia esfregada sobre as peças. Isso porque não se podia contar com as indefectíveis esponjas de aço de hoje, em compensação, também não havia o problema sobre o destino delas pós-uso. Mesmo a água, em tempos de banhos de bacia, servia depois para apagar a poeira.
Em matéria de abastecimento das casas, muita coisa vinha embalada em palha, dentro de resistentes balaios de bambu, como o queijo, por exemplo. Muitos levavam a mercadoria adquirida nos armazéns em sacos de pano ou de aniagem, sempre disponíveis para novas compras.
Pois é... “Não dá para voltar no tempo, porque a produção de lixo é marca indelével da modernidade”, concordamos todos com o colunista aqui citado. O mundo hoje é outro. É muita gente consumindo cada vez mais e acumulando lixo de toda ordem, parte dele de destinação complicada, como acontece com as pilhas, as baterias de celulares, as lâmpadas fluorescentes e os papéis metalizados ou plastificados. Não se trata de andar para trás, mas é fato que precisamos ser desenvolvidos também para encontrar soluções para o lixo nosso de cada dia.
P.S._Tive como parceira entusiasmada na produção desse texto minha mãe, a quem agradeço por muitas das informações aqui contidas.
ANIVERSÁRIO DE RESENDE COSTA
Levando em consideração que o cidadão habita o município, nele atuando e aí convivendo com seus pares, o país e os estados podem ser considerados meras abstrações. Não é novidade alguma dizer isso, mas é sempre oportuno lembrar que a cidade onde moramos é a nossa primeira e principal referência, e mais, é aquilo que fazemos dela.
Ao ensejo dos 96 anos de emancipação política de Resende Costa, é preciso reafirmar nosso propósito de levar adiante o projeto de construir nossa cidade a cada dia. Resende-costenses natos ou filhos carinhosamente adotados, queremos todos uma Resende Costa cada vez melhor. Não é o caso simplesmente de esperar e cobrar que as autoridades legalmente constituídas cumpram o seu papel. Isso é pouco. Atitudes simples e pessoais como o respeito ao patrimônio público, a convivência pacifica e a preservação do meio ambiente são alguns exemplos do que é possível fazer cotidianamente. E fazem toda a diferença.
O ano é de eleições municipais. É saudável, é democrático que seja assim. Elegeremos alguns de nós como representantes de todos. E os eleitos são o reflexo do que pensamos, e desejamos, são a nossa cara. A hora é agora. A quase centenária cidade do artesanato, das lajes e seu deslumbrante pôr-do-sol deve ser também o lugar da boa qualidade de vida para a nossa gente.